A Coleção Perseverança, composta por 211 objetos sagrados que sobreviveram ao episódio violento do Quebra de Xangô em 1912, acaba de ser oficialmente tombada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Esse tombamento confirma a relevância dessa coleção como um dos mais importantes acervos de arte sacra do Brasil, que será registrado nos Livros de Tombo das Belas Artes, Histórico, e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, garantindo sua preservação e reconhecimento cultural.
Essa conquista representa um marco histórico não apenas para as comunidades de matriz africana em Alagoas, mas também para a preservação da história do Brasil. A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas, Melina Freitas, destacou a importância desse reconhecimento e ressaltou que a coleção reflete a resistência e fé dessas comunidades, enfatizando a importância de salvaguardar e valorizar o patrimônio cultural para as gerações futuras.
Com o status de bem cultural oficialmente tombado, a Coleção Perseverança passará a contar com medidas de proteção mais abrangentes, indo além do âmbito estadual para o nacional. Sob a gestão do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), o acervo estará sujeito a políticas específicas de preservação e conservação promovidas pelo Iphan, garantindo sua integridade e promovendo a compreensão do seu valor etnográfico e histórico.
Além disso, o processo de tombamento envolveu uma ampla participação social, com a criação de um Grupo de Trabalho (GT) formado por líderanças do Povo de Santo, técnicos do Iphan-AL e outras entidades culturais. Essa participação foi fundamental para atribuir significados culturais aos objetos e estabelecer diretrizes para a preservação da coleção. Como resultado, a exposição fotográfica da Coleção Perseverança foi uma forma de promover o acervo como um ícone de resistência e fé.
Portanto, o tombamento da Coleção Perseverança se junta a outros reconhecimentos de relevância cultural no Brasil e em Alagoas, contribuindo para fortalecer e proteger as manifestações culturais de matriz africana, como a Serra da Barriga, os registros da Roda da Capoeira e do Ofício dos Mestres de Capoeira. Esse reconhecimento não apenas preserva a história e a cultura afro-brasileira, mas também incentiva pesquisas e estudos acadêmicos para aprofundar o conhecimento e a difusão desse patrimônio cultural.
Com informações e fotos da Secult/AL