A inovação no setor alimentício brasileiro passa por uma significativa transformação com o desenvolvimento de produtos à base de castanha-do-brasil. Testes recentes demonstraram que hambúrgueres, quibes e proteína texturizada elaborados a partir dessa matéria-prima receberam avaliações favoráveis em aspectos como sabor, textura e aparência. A busca por um leque maior de fontes proteicas nativas do país intensifica pesquisas que visam a utilização sustentável da biodiversidade. Essas iniciativas promovem não apenas a melhor aproveitação dos recursos naturais, mas também a geração de empregos e a criação de novos ingredientes para a indústria alimentícia.
Uma nova publicação sobre análogos vegetais, como hambúrgueres e quibes feitos com coprodutos da castanha-do-brasil, está disponível para download gratuito. A tecnologia desenvolvida até o momento está apta para ser testada em grande escala comercial.
Estudos realizados pela Embrapa destacam que a farinha parcialmente desengordurada e o concentrado proteico desta castanha apresentam elevado teor de proteínas, com potencial significativo no mercado de produtos de origem vegetal. A questão é que a farinha elaborada com esse ingrediente possui um teor proteico cerca de 60% superior ao da farinha de trigo tradicional. Além disso, os novos ingredientes têm demonstrado ser adequados para diversas aplicações alimentícias, apresentando valores elevados de aminoácidos e sendo ricos em selênio.
Ana Vânia Carvalho, pesquisadora da Embrapa, afirma que esses esforços em diversificação proteica podem fortalecer as cadeias produtivas da região amazônica e gerar valor para pequenos agricultores e indústrias locais. O projeto integra o Programa Biomas do The Good Food Institute (GFI) Brasil, com apoio do Fundo JBS pela Amazônia.
Após a extração do óleo da castanha, um subproduto conhecido como torta é gerado, que serve como base para os novos ingredientes. O uso de castanhas não padronizadas para comercialização in natura também é uma estratégia que visa reduzir o desperdício. Ao desengordurar a farinhada, o teor de proteína é ampliado de 15% para 32,4%, um aumento considerável que representa um avanço significativo na utilização desse recurso.
Os novos produtos alimentícios, como quibes e hambúrgueres, foram minuciosamente desenvolvidos para garantir que possuam características sensoriais semelhantes às de suas contrapartes de origem animal. A Embrapa, em sua unidade no Rio de Janeiro, focou em transformar coprodutos da castanha-do-brasil em opções de consumo direto voltadas para vegetarianos, veganos e flexitarianos.
Além de estarem alinhados às tendências de consumo atual, esses produtos foram submetidos a testes de aceitação sensorial, confirmando que as versões vegetais mantêm a aparência, sabor e textura das opções convencionais à base de carne. Isso indica que a utilização dos coprodutos da castanha-do-brasil pode se tornar uma alternativa viável e saudável para o crescente mercado de alimentos plant-based no Brasil.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Ronaldo Rosa / Embrapa













