O Brasil tem enfrentado um aumento significativo no número de focos de incêndio, com 5.132 registros nas últimas 24 horas. Isso coloca o país como responsável por 75.9% de todas as áreas afetadas pelo fogo na América do Sul, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O bioma mais atingido tem sido o Cerrado, que ultrapassou a Amazônia em número de focos e registrou 2.489 incêndios somente no último dia.
A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, aponta que a antecipação do período crítico de incêndios no país é motivo de preocupação. O avanço dos incêndios em diversas regiões tem gerado apreensão, especialmente considerando a incerteza em relação aos próximos meses. Em comparação com o ano anterior, o número de focos registrados nos primeiros dias de setembro mais do que dobrou, totalizando 37.492 incêndios em apenas dez dias.
A especialista destaca que fatores como o segundo ano consecutivo de El Niño seguido de La Niña, o aquecimento global e a ação humana têm contribuído para a intensificação dos incêndios. A escassez de chuvas tem impactado não apenas a Amazônia e o Pantanal, mas também o estado de São Paulo, que enfrenta uma crise semelhante.
Além das áreas naturais atingidas, o fogo tem afetado unidades de conservação importantes, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e áreas de turismo em Mato Grosso. A disseminação da fumaça proveniente dos incêndios tem gerado problemas de saúde pública, levando o Ministério da Saúde a solicitar apoio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) para lidar com as consequências para a população.
Ane Alencar ressalta que os impactos dos incêndios vão muito além das questões de saúde, afetando a economia, a biodiversidade, o equilíbrio ambiental e o bem-estar da sociedade como um todo. Ela destaca a importância da conscientização da população e a necessidade de engajamento social para lidar com a crise atual, enfatizando que as ações governamentais por si só podem não ser suficientes para conter a propagação do fogo.
Com informações da EBC
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