Abrasel Contesta Permanência do iFood no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE)
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) manifestou sua insatisfação em relação à decisão judicial recente que permite ao iFood continuar usufruindo dos benefícios do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE). Este programa foi criado com a finalidade de auxiliar na recuperação de setores que foram severamente impactados pela pandemia de COVID-19.
De acordo com a Abrasel, a manutenção do iFood no PERSE é problemática, visto que a empresa apresentou um crescimento significativo durante o período pandêmico. Em comunicado, a associação sublinhou que é moralmente questionável, ainda que legal, que uma empresa que se beneficiou tão amplamente durante a pandemia busque agora acessar recursos públicos destinados a apoiar bares e restaurantes que enfrentam dificuldades para se recuperar dos efeitos econômicos adversos.
Dados da Abrasel indicam que, durante a crise sanitária, o iFood registrou um aumento substancial no volume de pedidos via delivery. Ao mesmo tempo, a pesquisa realizada pela associação revela que atualmente cerca de 40% dos bares e restaurantes estão com pagamentos atrasados. Estes estabelecimentos continuam lutando para sobreviver em um cenário econômico desafiador e necessitam urgentemente dos recursos previstos pelos programas de recuperação.
A nova fase do PERSE estabelece um teto de R$ 15 bilhões para o setor. A Abrasel argumenta que permitir que grandes plataformas como o iFood, que lucraram consideravelmente durante a pandemia, se beneficiem deste programa compromete os esforços de recuperação dos pequenos e médios empreendimentos. Além de ser uma medida percebida como injusta, essa situação pode ser considerada contraproducente para a geração de empregos, uma vez que o setor de alimentação fora do lar é um dos maiores empregadores do país.
Em seu comunicado, a Abrasel expressou esperança de que o iFood desista de sua reivindicação de participar do PERSE. Segundo a associação, ao recusar esse benefício, o iFood poderia fortalecer sua relação com bares e restaurantes, que foram diretamente impactados pela crise. Essa atitude seria vista como um gesto concreto de apoio ao setor e uma forma de reconhecer a importância de direcionar os escassos recursos públicos aos empreendimentos que mais precisam.
A continuidade desse debate reflete as complexas questões de justiça e equidade na distribuição de recursos públicos para recuperação econômica, especialmente em setores diversos quanto suas experiências e impactos durante a pandemia. A decisão final sobre a permanência do iFood no PERSE poderá influenciar significativamente a trajetória de recuperação de pequenos e médios negócios no setor de alimentação.