As Unidades de Conservação em Maceió enfrentam transformações significativas, conforme apontou uma pesquisa de mestrado de Wellington Graciliano, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). O estudo, que teve reconhecimento com o Prêmio de Excelência Acadêmica, focaliza a evolução do uso e ocupação do solo em três Áreas de Proteção Ambiental (APAs) da capital: Catolé e Fernão Velho, Santa Rita e Pratagy.
Wellington destaca que essas APAs são cruciais para o equilíbrio socioambiental da cidade. Com a pressão constante que essas áreas enfrentam, a análise dessas mudanças se torna uma responsabilidade social e não apenas uma questão acadêmica. O pesquisador observou que as APAs estão rodeadas por um crescimento urbano acelerado, especialmente devido a bairros densamente povoados e empreendimentos na orla, que afetam a dinâmica socioespacial.
Por exemplo, a APA do Pratagy apresenta um cenário complicado. Enquanto as proximidades do bairro Benedito Bentes aceleram a ocupação e a fragmentação do solo, outra parte da unidade teve um aumento de 6,43% na cobertura vegetal entre 2012 e 2022, indicando uma regeneração natural em áreas menos impactadas. Esse contraste ilustra a complexidade dos processos territoriais, sugerindo que políticas devem ser adaptadas a diferentes realidades dentro da mesma unidade de conservação.
A pesquisa foi conduzida com o uso de geoprocessamento, permitindo um diagnóstico temporário robusto que comparou dados de 2012 e 2022. A análise recebeu atenção especial na classificação de usos do solo, delimitando áreas urbanizadas, florestas, pastagens e manguezais. Essa combinação de métodos geoespaciais e dados confiáveis possibilitou a identificação de áreas críticas e tendências de expansão, além de mapear locais com potencial para restauração.
Os resultados revelam importantes implicações para o planejamento urbano e a gestão das APAs. A presença de vazios urbanos e terrenos desocupados nas proximidades das unidades favorece ocupações irregulares, criando riscos relacionados a saneamento deficiente e enchentes. Segundo o pesquisador, tais análises não só impactam o ecossistema, mas também as comunidades ao redor. A expansão imobiliária na região sul do Pratagy, por exemplo, evidencia como a valorização imobiliária pode transformar as dinâmicas ambientais e sociais.
Os mapas e diagnósticos produzidos na pesquisa podem orientar a definição de áreas prioritárias para restauração e a revisão dos planos diretores e de manejo, além de reforçar ações de fiscalização da especulação imobiliária. Wellington também acredita que os resultados são valiosos para ONGs e projetos comunitários, apoiando programas de educação ambiental e sensibilização nas comunidades afetadas.
O apoio da Fapeal foi crucial para a realização do trabalho. Graciliano relata que o prêmio e a bolsa financiaram logística de campo, aquisição de equipamentos e participação em eventos acadêmicos, aumentando a qualidade e visibilidade da pesquisa. Ele vê o Prêmio de Excelência Acadêmica como uma forma de promover o diálogo entre academia e sociedade, fortalecendo o ecossistema de pós-graduação em Alagoas.
Com esses dados em mãos, o mestrando planeja seguir no doutorado, ampliando sua análise sobre o uso e ocupação do solo para a APA Costa dos Corais e integrando estudos sobre impactos em ecossistemas de manguezais, especialmente na área de Ipioca. A proposta inclui ainda investigar a fauna do solo como um bioindicador da qualidade ambiental, ligando as transformações de paisagem às respostas ecológicas e à saúde dos ecossistemas costeiros.
Com informações e imagens do Governo de Alagoas.













