A dívida gerada por cartões de crédito nos Estados Unidos alcançou um novo patamar histórico no segundo trimestre de 2024, conforme revela o mais recente relatório sobre Dívidas e Crédito das Famílias do Banco da Reserva Federal de Nova York (FRBNY). O saldo total devedor atingiu a marca expressiva de US$ 1,14 trilhão, o que representa um aumento de US$ 27 bilhões em relação ao trimestre anterior. Este valor significativo vem se mantendo constante ou próximo dele por três trimestres consecutivos, sinalizando um problema persistente no gerenciamento de dívidas pessoais.
A taxa de inadimplência de cartões de crédito, que se refere aos pagamentos mínimos obrigatórios em atraso por mais de um mês, também subiu, atingindo uma impressionante taxa anualizada de 9,1%. “Gostaria de poder dizer que fiquei surpreso, mas não estou”, comentou Mark Elliot, diretor de atendimento ao cliente da LendingClub. “Nos últimos anos, notamos um aumento na dependência dos consumidores em cartões de crédito. Desta vez, esse aumento não é provocado pelo desemprego, como em crises anteriores, mas sim pela inflação e pela necessidade de equilibrar as finanças cotidianas.”
Além do saldo recorde, as taxas médias de percentual anual (APRs) dos cartões de crédito atingiram 21,51% em novembro de 2024, ligeiramente abaixo do recorde de 21,59% observado no primeiro trimestre do ano. Esses altos saldos acumulados, combinados com APRs elevadas, criam um cenário duplamente desfavorável, agravando ainda mais a crise da dívida de cartões de crédito nos EUA.
Para muitas famílias, a solução tem sido contrair mais dívidas para fechar as contas mensais. E não é apenas a dívida de cartão de crédito que está inflando. As linhas de crédito com garantia hipotecária (HELOCs) aumentaram em US$ 4 bilhões, registrando o nono aumento trimestral consecutivo. Da mesma forma, os saldos de empréstimos para automóveis subiram US$ 10 bilhões no mesmo período de três meses, conforme indica o relatório do FRBNY.
Outra forma de empréstimo que está ganhando popularidade é o “compre agora, pague depois” (BNPL). Durante a Cyber Monday de 2023, o uso desse tipo de crédito aumentou 42,5% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Adobe Analytics.
A retomada dos pagamentos de empréstimos estudantis federais, que recomeçaram em outubro passado para cerca de 44 milhões de tomadores, adicionou mais uma obrigação financeira para estas famílias gerenciarem. Foi concedido um período de carência até 30 de setembro de 2024 para começar a realizar esses pagamentos sem afetar a pontuação de crédito. Assim, o real impacto dessa retomada só será percebido no próximo outono.
Para lidar com a crescente dívida de cartões de crédito, é crucial voltar ao básico: estabelecer um orçamento claro e um planejamento rigoroso de pagamento. Uma estratégia eficaz pode incluir a procura por cartões de crédito que ofereçam transferências de saldo com períodos promocionais prolongados, aliviando temporariamente os encargos de juros. Se as dívidas forem avassaladoras, outra opção pode ser buscar um empréstimo de consolidação ou explorar alternativas de liquidação de dívidas.
Para evitar problemas futuros, é prudente tratar o cartão de crédito como um cartão de débito, evitando gastos além do necessário. Evitar a tentação de abrir novos cartões apenas por conta de bônus de inscrição também é essencial, uma vez que os juros podem rapidamente superar qualquer vantagem oferecida. “Desenvolva uma estratégia de pagamento. Procure opções para consolidar,” aconselhou Elliot. “Existem muitos recursos educacionais disponíveis para ajudá-lo a encontrar um caminho financeiro mais sustentável.”