No último dia 12 de setembro de 2025, foi anunciado que o Hospital Escola Portugal Ramalho, vinculado à Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), foi escolhido para integrar o edital do Calendário Cultural, Memória e Resistência, do programa “Nosso Chão, Nossa História”. Essa iniciativa tem como propósito apoiar projetos que visam reparar os danos causados pelo desastre socioambiental ocorrido em Maceió, que resultou no afundamento do solo em diversas áreas urbanas.
O projeto aprovado, denominado “Rota de RExistência”, prevê a realização de uma série de atividades culturais mensais em bairros impactados, incluindo oficinas, exposições, saraus e outras ações voltadas à preservação da memória local e ao fortalecimento das relações comunitárias. Maria Derivalda Andrade, coordenadora geral do projeto e funcionária do HEPR, explica que a iniciativa surgiu a partir das experiências vividas tanto por profissionais da saúde quanto por pacientes de uma região profundamente afetada pela crise. Para ela, a cultura atua como um poderoso instrumento de reconstrução, permitindo que as vozes das pessoas sejam ouvidas e que os laços sociais sejam restabelecidos.
O projeto representa uma parceria significativa entre o HEPR, o Instituto para o Desenvolvimento das Alagoas (Ideal) e a Cooperativa de Jornalismo Mídia Caeté, com a proposta sendo apresentada pela Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão e Pesquisa de Alagoas (Fepesa). Helcimara Martins, supervisora-geral do HEPR, destacou que a “Rota de RExistência” não apenas promove a cultura, mas também aborda a saúde mental e a memória coletiva, possibilitando o encontro das comunidades e a valorização do patrimônio cultural. Uma das inovações do projeto é a edição de um livro que reunirá relatos orais e visuais sobre instituições que são fundamentais para a cultura local, incluindo o próprio hospital.
Além das ações culturais, o projeto inclui a valorização de tradições populares, como os blocos de carnaval e as quadrilhas juninas, e a criação de um Museu-Memorial em homenagem às vítimas do desastre, elaborado em colaboração com a comunidade. Segundo Derivalda, é fundamental registrar as memórias desse território para garantir que as futuras gerações compreendam a gravidade dos acontecimentos em Maceió. Ela ressaltou que a participação do HEPR é simbólica, uma vez que a instituição possui uma longa trajetória de interconexão com a cultura e a saúde mental da cidade, criando um espaço onde pacientes, profissionais de saúde e a comunidade podem se unir pela arte.
Ruth Barros, assessora organizacional e gestora do projeto, enfatizou que a aprovação do “Rota de RExistência” é uma prova do comprometimento institucional da universidade em expandir suas parcerias e captar recursos para atender as necessidades da comunidade. Ela defendeu que essa participação da Uncisal vai além dos muros da academia, fortalecendo laços e trazendo contribuições significativas para a reparação simbólica da região.
O Programa “Nosso Chão, Nossa História”, que tem origem em um acordo judicial que responsabiliza a Braskem pelo afundamento do solo, destina um total de R$ 150 milhões para projetos que buscam reparar danos coletivos nos próximos quatro anos, sendo gerido pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais e executado pela UNOPS/ONU. Essa iniciativa visa apoiar ações que promovam a resistência, memória e identidade nas comunidades afetadas.
Com informações e fotos da Sesau/AL