Em um relevante estudo realizado pelo Hospital de Emergência do Agreste (HEA), foram analisados os casos de violência sexual no período compreendido entre 2023 e o primeiro semestre de 2025. Os dados obtidos através da Área Lilás e do Serviço de Epidemiologia revelaram que um alarmante 62% das ocorrências aconteceram dentro de ambientes residenciais, evidenciando a gravidade do problema que, muitas vezes, se desenrola no espaço que deveria ser seguro.
Os dados são inquietantes e revelam que a maioria das vítimas, cerca de 88%, possui menos de 19 anos de idade, com uma significativa concentração entre jovens de 10 a 19 anos (51%) e crianças de 1 a 9 anos (35%). Este cenário retrata a vulnerabilidade extrema de crianças e adolescentes diante da violência sexual. Dentre as vítimas analisadas, 845 eram do sexo feminino, correspondendo a 88%, enquanto 118 eram do sexo masculino, representando 12%.
O estudo revela também aspectos alarmantes sobre a escolaridade das vítimas, onde 46% tinham ensino fundamental incompleto, e a prevalência entre as faixas etárias menores confirma a necessidade de atenção redobrada a essa parte da população. Em termos raciais, 81% das vítimas se autodeclararam pardas, e apenas 11% brancas, o que sugere a presença de desigualdades raciais associadas à violência.
Importante destacar que a maioria dos agressores, cerca de 80%, eram pessoas conhecidas das vítimas, como amigos, pais ou padrastos. Em uma análise mais aprofundada, os dados indicaram que Arapiraca foi o município com o maior número de registros, somando 25% das ocorrências. Outras cidades como Limoeiro de Anadia e Palmeira dos Índios também se destacaram, conforme os dados apresentados.
O informe também abrange um aspecto igualmente preocupante: as notificações relacionadas à violência contra mulheres. Entre janeiro de 2023 e junho de 2025, foram registradas 1.023 ocorrências de diferentes modalidades de violência, incluindo agressões físicas, psicológicas e morais. A maioria das vítimas nesse caso também apresentava idades entre 20 e 39 anos.
Embora os números sejam alarmantes, especialistas salientam que esses dados ainda são subestimados. A subnotificação, ocorrida devido ao medo e à vergonha das vítimas, sublinha a necessidade urgente de ações integradas, que contemplam desde a prevenção até o acolhimento das vítimas. Recomenda-se que as vítimas busquem denunciar seus agressores por canais confiáveis, como o Disque 100 ou a Delegacia de Polícia mais próxima.
As coordenadoras da Área Lilás e do Serviço de Epidemiologia ressaltam a importância da conscientização e do fortalecimento de políticas públicas, com o intuito de eliminar a cultura de violência e promover um ambiente mais seguro, especialmente para os mais vulneráveis.
Com informações e fotos da Sesau/AL