Com um investimento anual de US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 10 milhões), um itinerário diário de mais de 100 pílulas, a última refeição do dia às 11 da manhã e a utilização de um anel peniano durante o sono, Bryan Johnson, um empresário de 46 anos, tem um objetivo ambicioso: recuperar a saúde de um jovem de 18 anos.
Johnson, um milionário que fez fortuna com aplicativos de pagamento e atualmente é proprietário de uma empresa concorrente da Neuralink, de Elon Musk, na área de neurociência, vê o corpo humano como um algoritmo que pode ser programado de acordo com seus interesses. Para atingir seus objetivos, ele desenvolveu o protocolo Blueprint, que inclui expor o rosto a um painel de luz infravermelha diariamente.
O protocolo, que é gerido por uma equipe de 30 médicos, tem sido questionado por especialistas devido a algumas de suas práticas, como a transfusão de plasma sanguíneo do filho adolescente de Johnson, um procedimento que ele interrompeu por falta de evidências de benefícios. Os médicos também questionam o consumo de tantos comprimidos por dia e a rigidez da dieta que Johnson adota.
Johnson, cuja fortuna é avaliada em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões), de acordo com a revista Fortune, criou uma clínica em sua casa em 2023 para realizar todos os tratamentos previstos em seu método. Seu protocolo é seguido por outras pessoas que fazem parte do movimento “Don’t Die” (não morra, em inglês), que também são clientes da Blueprint, uma marca criada por Johnson para vender produtos que prometem prolongar a vida.
Além do protocolo, Johnson também já experimentou a transfusão de plasma sanguíneo, recebendo plasma de seu filho de 18 anos e transferindo seu próprio plasma para seu pai de 71 anos. Ele parou o procedimento por não ver benefícios, apesar de a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) já ter alertado que a prática não traz melhorias.
Apesar das críticas, Johnson se mantém firme em seus métodos. “Não importa qual é a minha expectativa de vida, não importa se eu morrer ou não”, disse ele à revista Fortune. “O que importa é que estamos projetando tematicamente, objetivamente e funcionalmente nossa maneira de ‘não morrer’ como espécie”.
Especialistas, no entanto, alertam que o uso de muitos suplementos ao mesmo tempo pode causar mais danos do que benefícios e que as intervenções podem tornar mais difícil explicar os efeitos que cada uma delas causou no corpo. Além disso, as dietas muito rígidas podem não trazer o benefício esperado por serem muito difíceis de serem seguidas. Eles também afirmam que não há evidências de que os produtos vendidos por Johnson realmente aumentam a longevidade.
Johnson, por sua vez, não se importa com as críticas. “Estou mais interessado no que as pessoas do século 25 pensam de mim”, disse ele ao New York Times.