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Com 15 transplantes de fígado em 2 anos, Santa Casa de Maceió alerta para o baixo número de doações

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Doação é um ato de nobreza, um legado que se deixa. Essa afirmação é reforçada no Setembro Verde, quando se celebra o Dia da Doação de Órgãos e Tecidos (27/09). Mas a mensagem precisa ser reforçada entre os familiares, únicos que podem garantir que o desejo de doar seja cumprido. E a necessidade para que as doações aconteçam é grande: até agosto de 2023, o Brasil contava com 66.250 pessoas na fila de espera para transplante. Mais de 2200 são solicitações de fígado.

Em apenas dois anos, a Santa Casa de Maceió, única unidade de saúde credenciada para a realização de transplantes de fígado em Alagoas, realizou 15 cirurgias e passou a ter capacidade técnica para tratar todos os pacientes com doença hepática grave. “A implantação do Serviço no hospital foi um grande avanço no Estado. Eram pacientes que precisam se deslocar para outros estados em busca do transplante em uma hora tão fragilizada, que é o fim da doença hepática. Os pacientes cirróticos sofrem muito, internam muito, e com o programa conseguimos fazer com que esses pacientes ficassem em casa para o tratamento”, disse Oscar Ferro, cirurgião e coordenador do Programa Transplante de Fígado.

O primeiro beneficiado com o programa foi o professor de Educação Física, Jorge Andrade, à época com de 57 anos e sofrendo de ascite refratária, doença que lhe dava poucos anos de sobrevida. “Sofri muito. Fui para a fila de transplantes de Recife, em 2018, mas não obtive resultado por lá. Fui para a lista da Paraíba, em 2020, e, em janeiro de 2021, cheguei à Santa Casa de Maceió. Em maio, uma família disse sim, e eu recebi esse órgão. Hoje minha saúde está 100%, minha qualidade de vida está melhor que antes. Tenho 59 anos, mas com a energia de um rapaz de 25. Jogo bola, nado, dou aula de Educação física”, contou.

Mas o número de relatos como os de Jorge poderiam ser maiores, se houvesse uma crescente nas doações. “Em nossa legislação, só quem é responsável pela autorização da doação de órgãos são os familiares. Antes, valia o que estava na carteira de identidade. Por isso é tão importante que esse desejo seja compartilhado com os familiares. É um assunto que tem que ser debatido e exposto a toda a família, pois é dela a decisão final”, esclarece Clarissa Tenório, enfermeira da Comissão Inter Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) da Santa Casa de Maceió, reforçando que o processo começa com a decisão de ser doador.

Além de declarar ser doador e a família dar o aval, o paciente que doará o órgão necessita de um diagnóstico definido, que é o de morte encefálica, mais conhecida como morte cerebral. É realizado um protocolo clínico do potencial doador, onde dois médicos avaliam exames de imagem e laboratoriais, seguindo critérios rígidos para que o processo seja realizado de maneira ágil e segura.

“Precisamos melhorar os números de doadores. Da pandemia para cá, eles caíram drasticamente. Todo o processo de captação é gerenciado pela Central de Transplantes, que, junto à Organização de Procura de Órgãos do estados, faz a busca ativa. Se aparecer um doador e a família disser sim, a Central nos comunica, são realizados os exames necessários para saber se há viabilidade para o procedimento, e, caso seja aceito, o transplante é realizado. Em Alagoas só fazemos o procedimento, que dura, em média 6 horas, de doador cadáver. É importante que as pessoas se sensibilizem e enxerguem o transplante como ele é, ou seja, o veja como uma nova chance para quem precisa do órgão”, finaliza Oscar Ferro.

Por Flávia farias/Ascom Santa Casa de Maceió

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