36ª Romaria da Terra e das Águas: Esperança e Resistência em Maceió
No último domingo (05), centenas de pessoas participaram da 36ª Romaria da Terra e das Águas, em Maceió (AL), um evento que destacou os impactos do crime socioambiental causado pela Braskem. A caminhada passou pelos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Flexal, áreas severamente afetadas pela mineração de sal-gema.
Sob o tema “Ecologia Integral: esperança, resistência e profecia”, o evento uniu espiritualidade e uma forte mensagem política. A pastora Odja Barros, em sua saudação, enfatizou a importância da Romaria como forma de reafirmar a luta por justiça e dignidade. “A força do povo vai fazer a profecia deste território”, afirmou.
A caminhada foi marcada por estandartes com mensagens como “Não é uma tragédia, é um crime”, refletindo a determinação dos participantes em buscar justiça. O pastor Valdenício Santos (Vando) destacou a luta dos camponeses como exemplo de esperança para aqueles afetados pela Braskem.
A primeira parada da Romaria foi na Igreja Batista do Pinheiro, símbolo de resistência local, onde os romeiros se uniram em oração. Em seguida, diante das ruínas do antigo Hospital Sanatório, o enfermeiro Cícero compartilhou seu pesar pela destruição e seu desejo de ver a Braskem responsabilizada, afirmando: “Hoje eu tenho outro emprego, mas ainda sonho com a justiça.”
Na Praça Lucena Maranhão, ex-moradores relembraram momentos de união e alegria comunitária. O escritor Marcelino Brito recordou suas experiências na Bebedouro, ressaltando a importância da convivência na reconstrução da memória afetiva da região.
O evento seguiu com uma performance poética do artista Mauro Fabiani e discussões em tendas sobre temas como água, saúde mental e ecologia. O filósofo Roberto Malvezzi (Gogó) alertou sobre as consequências sociais do crime ambiental, referindo-se aos impactos em moradia e saúde da comunidade.
A celebração Eucarística, conduzida pelo arcebispo Dom Beto Breis, reforçou a urgência de transformar a dor em esperança e compromisso. Durante a missa, ele enfatizou: “Aqui é um lugar para sonharmos juntos, firmado numa esperança que não decepciona.”
Ao final, a leitura da Carta da Romaria uniu os clamores do povo afetado, expressando o desejo de ser ouvido e de buscar soluções concretas. A romaria concluiu com um gesto solidário, onde a Cozinha Solidária do MST ofereceu refeições, simbolizando a comunhão e o cuidado mútuo.
A 36ª Romaria da Terra e das Águas reafirmou a luta histórica por justiça social e pela dignidade humana, despertando uma esperança persistente em meio à adversidade. A iniciativa foi promovida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em parceria com diversas instituições, unindo forças em prol de um futuro melhor para os bairros afetados.
Com informações e fotos da Arquidiocese de Maceió