Em uma data significativa para a luta pela igualdade racial no Brasil, a Câmara dos Deputados abriu uma sessão solene em comemoração ao Dia da Consciência Negra. O evento começou de forma emblemática com a execução do Hino à Negritude, marcando a importância das celebrações que ocorreram no dia 20 de novembro, já considerado um feriado nacional. Durante a sessão, a deputada Dandara, do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais, destacou estatísticas alarmantes que justificam a necessidade de uma reflexão profunda sobre as condições de vida da população negra no país. Entre os dados apresentados, ela mencionou que o salário médio recebido por negros é 42% inferior ao dos brancos, além do dado preocupante de que 76% das vítimas de feminicídio são mulheres negras.
No âmbito político, a deputada Dandara sublinhou que, nas eleições de 2022, embora 47% dos candidatos fossem negros ou pardos, apenas 26% foram eleitos. Ela fez questão de enfatizar a composição da bancada negra na Câmara, atualmente com 135 deputados, mas levantou uma observação crítica ao afirmar que uma análise mais criteriosa poderia reduzir esse número, devido à presença do que chamou de “afroconveniência”. Essa prática surgiu após a aprovação do fundo de financiamento para candidaturas negras, mas ainda enfrenta desafios na efetiva representatividade.
Adicionalmente, Dandara destacou os progressos obtidos por meio das cotas raciais em diversos setores, especialmente nas universidades, mas frisou a importância de garantir bolsas de assistência estudantil para que esses avanços continuem. O deputado Vicentinho, também do PT, compartilhou um pouco de sua trajetória pessoal para enfatizar que negros podem sim alcançar diversos objetivos na sociedade, desde que as oportunidades sejam ampliadas e a luta continue sendo incessante.
Vicentinho reiterou a importância da criação de uma Secretaria de Igualdade Racial na Câmara, que serviria para apoiar ainda mais a bancada negra, a qual comemorou um ano de existência neste mês. Ele ressaltou a relevância do Colégio de Líderes, o grupo que define as pautas a serem debatidas no Plenário.
Por outro lado, Juhlia Santos, vereadora de Belo Horizonte pelo Psol, chamou a atenção para a lenta progressão do reconhecimento de territórios quilombolas no Brasil. Em 2023, apenas 143 territórios foram oficialmente titulados, o que demonstra que ainda há muito a ser feito para garantir os direitos desta importante parcela da população.
A sessão e as questões levantadas reforçam a importância de dias como o Dia da Consciência Negra, não apenas como uma data de celebração, mas como um convite à reflexão e à ação em prol da igualdade racial no Brasil.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados