Na sessão plenária desta terça-feira, deputados da Câmara discutiram o relatório final da Polícia Federal que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de participação em um suposto plano de golpe de Estado, além de estar ciente de um complô para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O sigilo do documento foi quebrado por Moraes, provocando reações intensas no plenário.
O deputado Bohn Gass, do Partido dos Trabalhadores (PT-RS), não poupou palavras ao apontar que o revelado pela investigação seria um dos eventos “mais hediondos” da história recente do Brasil. Ele comentou que os detalhes do relatório da Polícia Federal eram “estarrecedores”, destacando que o planejamento era tão cuidadoso que incluía emboscadas e especificações das armas que seriam utilizadas, comparando-o à logística de organizações criminosas como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital.
O documento da Polícia Federal indicia um total de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, por crimes relacionados à tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), reforçou as alegações de que Bolsonaro estava ciente e envolvido no plano, afirmando que ele atuou como mentor da trama.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou a gravidade do caso e se posicionou contra qualquer tentativa de anistia a essas ações, especialmente em referência ao Projeto de Lei 2858/22, que tenta anistiar os envolvidos nos atos perigosos contra os Três Poderes em janeiro de 2023. O deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) também rejeitou a ideia de anistia, afirmando que a democracia brasileira não poderia ser comprometida por aqueles que atentaram contra ela.
As descobertas da investigação, que consistem em mais de 800 páginas, foram reforçadas pelo deputado Chico Alencar (Psol-RJ), destacando que essa sessão plenária marca um momento histórico devido à gravidade das revelações e envolvimento de altos oficiais militares.
Por outro lado, deputados da oposição desqualificaram o relatório da Polícia Federal. Capitão Alberto Neto (PL-AM) chamou o inquérito de “cortina de fumaça” para medidas impopulares do governo, enquanto Carlos Jordy (PL-RJ) ironizou a investigação como uma “tentativa de golpe fake”. Luiz Lima (PL-RJ) questionou a existência de provas concretas, sugerindo que o relatório parecia um “crime de pensamento”. David Soares (União-SP) criticou a atuação do STF, especialmente o papel central de Alexandre de Moraes na condução do inquérito.
A discussão no plenário ilustra uma profunda divisão política, enquanto muitas questões sobre a dimensão e o impacto das revelações do relatório da Polícia Federal continuam a reverberar no cenário político nacional.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados