Durante o Fórum Parlamentar do G20, um apelo contundente foi feito por parlamentares dos países que integram o grupo, enfatizando a crescente necessidade de amplificar a participação feminina nas discussões e decisões sobre a crise climática global. Observou-se que as mulheres, particularmente nos países em desenvolvimento, estão entre os mais suscetíveis aos impactos devastadores de desastres ambientais.
A jornada para tornar as questões climáticas mais inclusivas em termos de gênero começou com a 1ª Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, realizada em julho em Maceió, e culminou na consolidação da Carta de Alagoas. Este documento orienta discussões sobre a promoção da justiça climática e o desenvolvimento sustentável sob perspectivas de gênero e raça.
Tulia Ackson, presidente da União Interparlamentar (UIP), destacou a vulnerabilidade feminina ante as mudanças climáticas. Ackson chamou a atenção para estatísticas alarmantes: um terço das mulheres ao redor do mundo estão envolvidas na agricultura, e, no entanto, apenas uma fração detém terras, aumentando o risco de insegurança alimentar. A previsão é ainda mais sombria para 2050, quando mais de 158 mil mulheres e meninas podem viver na pobreza em decorrência das mudanças climáticas, paralelamente ao aumento da violência que enfrentam.
A deputada brasileira Benedita da Silva (PT-RJ), secretária da Mulher na Câmara dos Deputados, sublinhou que desastres climáticos impactam, de forma desigual, as populações vulneráveis, incluindo mulheres e crianças. Ela mencionou exemplos como enchentes no Rio Grande do Sul e seca na Amazônia, onde mulheres frequentemente são responsáveis por encontrar alimentos e oferecer cuidados em tempos de crise. Dentro do Parlamento Brasileiro, vários projetos visam enfrentar tais desafios, como iniciativas para a regulação de atividades agrícolas, promoção da conservação ambiental e inclusão das mulheres em práticas sustentáveis.
A senadora Leila Barros (PDT-DF) destacou o conteúdo da Carta de Alagoas, que enfatiza a necessidade urgente de investimentos em políticas climáticas sensíveis a questões de gênero. Esses investimentos devem assegurar que tanto mulheres quanto populações negras e indígenas sejam agentes ativos na formulação e implementação de políticas climáticas. Além disso, a senadora abordou a importância de reconhecer e valorizar o trabalho não remunerado de cuidado, predominantemente realizado por mulheres.
No palco internacional, a senadora russa Tatiana Sakharova enfatizou a necessidade de cooperação global na busca pela sustentabilidade energética, destacando metas de neutralidade do carbono e energia renovável. Outros parlamentares, como Maria Emília Cerqueira de Portugal e Shri Harivansh da Índia, reforçaram o comprometimento de seus países com a Agenda 2030 das Nações Unidas e a justiça climática, evidenciando que uma abordagem global e inclusiva é crucial para enfrentar os desafios da crise climática.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados