Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados foi palco do lançamento do minidocumentário “Ponto de não retorno: Amazônia”, uma iniciativa da Frente Parlamentar Ambientalista em parceria com o WWF-Brasil. Com duração de 17 minutos, o filme busca trazer à tona relatos contundentes de cientistas e de comunidades locais sobre a devastação que acomete as bordas da Amazônia, especialmente nas áreas de transição com o Cerrado. Tais regiões têm sido fortemente impactadas pelo avanço da agropecuária, pela intensificação do desmatamento, pelas queimadas constantes e pela alarmante perda de biodiversidade. A diretora Jacqueline Lisboa destacou o tom urgente do documentário, que se estabelece como um alerta necessário diante da situação preocupante.

No decorrer do minidocumentário, cientistas que têm monitorado a Amazônia ao longo de três décadas identificaram uma preocupante mortalidade arbórea em áreas onde a floresta ainda aparenta estar intacta. Segundo Lisboa, isso não apenas compromete a flora, mas também a fauna, exigindo ações imediatas para enfrentar os desafios do bioma. O conceito de “ponto de não retorno” é central ao documentário, remetendo ao estágio em que a devastação atinge níveis irreversíveis, impossibilitando a recuperação espontânea da vegetação nativa. Estudos apontam que, para a Amazônia, esse ponto crítico pode ser atingido quando a degradação alcançar entre 20% e 25%.

Em um dos episódios documentados, o ecólogo Ben Hur Junior descreve as mudanças ambientais em algumas áreas como já próximas desse ponto crítico. Ele destacou o aumento das temperaturas, a redução da umidade do solo e o rebaixamento do lençol freático, fatores que culminam em um novo tipo de floresta, claramente mais degradada. O testemunho de Ermínio de Oliveira, um coletor de sementes da região, acrescenta um aspecto pessoal ao retrato econômico e ambiental da destruição. Ele lembra como áreas que hoje são plantações às margens de estradas eram anteriormente cobertas por densa vegetação e abundantes rios repletos de peixes, lamentando que a intervenção humana tenha transformado radicalmente essa paisagem natural.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) participou do lançamento em nome da Frente Parlamentar Ambientalista, reforçando que a situação atual representa uma ameaça direta à vida humana na Terra. Ele enfatizou que o documentário serve como um alerta vital, chamando atenção para a devastação que aflige a fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, onde a ganância humana e a exploração agropecuária desmedida ameaçam a biodiversidade e apressam a extinção de formas de vida que são intrínsecas à identidade da região. Em um mundo cada vez mais abalado por crises ambientais, a mensagem central do documentário é clara: a consciência e a ação coletivas são urgentes e imprescindíveis.

Por fim, “Ponto de não retorno: Amazônia” também dá destaque a pesquisas do Projeto Seca Limite. Este projeto reúne esforços da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade de Leeds, no Reino Unido, ampliando, assim, o entendimento sobre as severas consequências das mudanças climáticas e do impacto humano sobre este bioma crucial.

Com informações e fotos da Câmara dos Deputados