O deputado Glauber Braga, representante do Psol pelo estado do Rio de Janeiro, tornou-se o protagonista de um episódio controverso no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira. Braga está sendo acusado pelo partido Novo de uma alegada quebra de decoro parlamentar, após um incidente ocorrido em abril, nas dependências da Câmara, onde teria expulsado e agredido Gabriel Costenaro, militante do Movimento Brasil Livre (MBL).
Durante a sessão, que se estendeu por mais de três horas, o deputado defendeu-se das acusações. Ele relatou que sua reação foi uma medida de autodefesa diante do que caracterizou como uma agressão injusta. Foram apresentados vídeos em que Costenaro teria abordado Braga em sete ocasiões distintas no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, configurando, segundo o deputado, um padrão de provocação por parte do militante, ligado ao MBL.
Braga argumentou que suas ações foram proporcionais às provocações e sustentou que está sendo alvo de uma perseguição política, aproveitando a oportunidade para lançar críticas contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, acusando-o de assédio.
No decorrer da reunião, o relator do processo, deputado Paulo Magalhães, do PSD da Bahia, optou por não questionar Braga. Segundo Magalhães, as evidências apresentadas nos vídeos eram suficientes para formar sua opinião, afirmando que não tinha razões para interferir na defesa do presidente Arthur Lira, que deveria, se necessário, buscar reparação na Justiça. Magalhães prometeu um relatório final que refletirá sua avaliação das provas e depoimentos, utilizando todo o tempo disponível para uma análise detalhada.
No entanto, o desfecho desse processo ainda parece distante. O deputado Chico Alencar, também do Psol, estimou que a decisão final ocorreria apenas no ano seguinte. Ele manifestou preocupação com a simultaneidade dos julgamentos, caso o processo de Glauber Braga coincida com o de Chiquinho Brazão, acusado de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, no Rio de Janeiro, em 2018.
Alencar apontou que a lentidão processual é uma característica do Conselho, destacando que a representação contra Chiquinho Brazão levou seis meses para avançar. Já o caso de Braga ultrapassa sete meses de trâmite, salientando que, caso se recomende a cassação de Braga, haverá ainda a possibilidade de recurso junto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Este episódio é apenas mais um na série de acusações que Glauber Braga enfrenta no Conselho de Ética desde 2019. A mais recente, no ano passado, envolveu uma alegação de agressão física contra o deputado Abilio Brunini. Naquele caso, a representação foi arquivada e resultou apenas em uma censura verbal ao parlamentar carioca.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados