O roubo de cargas no Brasil, embora tenha apresentado uma redução significativa nos últimos anos, ainda representa um grave problema econômico e de segurança nas rodovias do país. Durante uma audiência na Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados, esse tema foi amplamente debatido por especialistas e representantes de entidades do setor.
Conforme mencionado por Eduardo Rebuzzi, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, houve uma queda de 54% nos roubos de cargas desde 2017. No entanto, apesar dessa redução, os prejuízos financeiros continuam alarmantes, com o valor das mercadorias roubadas em 2023 superando a marca de R$ 1 bilhão. O alto custo desse crime não se limita apenas ao valor das mercadorias perdidas, mas também ao sentimento de insegurança que permeia os transportadores.
Entre os dados apontados, Alan Medeiros, assessor da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, destaca que 46% dos caminhoneiros já foram vítimas de assaltos ao menos uma vez. A lista de produtos roubados é liderada por medicamentos, alimentos, eletroeletrônicos, metais, combustíveis e roupas, que correspondem a 88% dos itens roubados. Medeiros e outros participantes do debate sublinharam a importância de aumentar as penas para os receptadores de mercadorias roubadas como uma medida primordial para combater esse crime. A ideia é que penas mais rigorosas manteriariam os criminosos detidos por mais tempo, diferentemente da situação atual, em que muitos são rapidamente liberados.
No cenário de projetos de lei, Zé Trovão, deputado pelo PL-SC, é autor de uma proposta importante que busca federalizar o crime de roubo de carga segurada, transferindo a investigação para a Polícia Federal. Este projeto suscitou discussões, com alguns expressando preocupações sobre a capacidade operacional das forças federais comparadas às estaduais. Julio Cezar Dos Reis, presidente do Instituto Carga Segura, apontou que enquanto a Polícia Federal conta com menos de 13 mil oficiais, as forças policiais civis ultrapassam 100 mil integrantes, o que poderia tornar a tarefa de notificação desses crimes mais desafiadora em áreas sem presença federal.
Diante do extenso território rodoviário do Brasil, que conta com cerca de 75 mil km de estradas para apenas 12,5 mil policiais rodoviários federais, medidas tecnológicas foram sugeridas para aumentar a eficácia no combate aos roubos. Francisco Rodrigues de Oliveira Neto, da Polícia Rodoviária Federal, propôs o uso de tecnologias de rastreamento para monitorar mercadorias de maior valor. Com essa tecnologia, seria possível não apenas rastrear a origem e o destino dos bens, mas também identificar quem está comercializando produtos roubados, aumentando assim as chances de recuperação dos itens e a punição dos responsáveis.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados