Na Câmara dos Deputados, ocorreu uma audiência pública em que executivos da Voepass apresentaram esclarecimentos sobre o acidente aéreo ocorrido em Vinhedo (SP) no dia 9 de agosto, que resultou na morte de 62 pessoas. Os representantes da empresa asseguraram que todos os procedimentos de segurança foram devidamente seguidos. Marcel Moura, ex-diretor de Operações da companhia, salientou a necessidade de aguardar os resultados das investigações conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) para determinar as causas efetivas do acidente. Moura também destacou que, até o momento, não houve qualquer recomendação das autoridades para alterações nos procedimentos operacionais ou de manutenção da empresa.
Durante a reunião, a questão do sistema de degelo da aeronave surgiu como possível ponto de atenção. O avião, que partira de Cascavel (PR) em direção a São Paulo, poderia ter enfrentado problemas com esse sistema. Relatórios internos da Voepass, mencionados pelo deputado Newton Bonin, indicaram que falhas no sistema de degelo foram identificadas em 2023, com registros de inoperância em seis instâncias durante o mês de julho daquele ano. Um dos relatórios sugeriu que a aeronave evitasse voos rumo ao Sul devido às baixas temperaturas, recomendação essa que, aparentemente, não foi seguida.
A audiência revelou ainda que Eric Cônsoli, ex-diretor de Manutenção da Voepass, confirmou a previsão de gelo severo na rota que o avião tomou, recomendando que não se voasse para regiões propensas à formação de gelo. Contudo, a razão pela qual o voo foi realizado nessas condições não foi esclarecida.
Bruno Ganem, deputado e coordenador da comissão externa, apontou que o relatório preliminar do Cenipa sugere que o piloto e o copiloto estavam cientes do problema com o sistema de degelo, mas não relataram a situação de emergência ao controle aéreo. Ganem sugeriu que, caso tivessem comunicado o problema, uma permissão para descer poderia ter sido concedida, possivelmente evitando a tragédia.
O deputado também mencionou a possibilidade de propor uma legislação que proteja tripulantes que reportem falhas em voos, ainda que sejam responsáveis por elas, enfatizando que a segurança deve ser uma prioridade acima de quaisquer repercussões.
David Faria, ex-diretor de Segurança Operacional da Voepass, afirmou que a manutenção das aeronaves está sujeita a rígidas auditorias. Além da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que verifica relatórios de tripulantes e manutenção de forma aleatória, a Voepass passa por auditorias externas a cada dois anos pela Associação Internacional de Transporte Aéreo, envolvendo a revisão de cerca de dois mil itens relacionados à manutenção e operações.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados