A situação preocupante dos rios da bacia amazônica devido à seca continua a ser um tema latente, sem solução à vista. Recentemente, a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados decidiu adiar o debate sobre as ações governamentais para combater a seca na região amazônica, que estava agendado para terça-feira (9). A audiência pública contaria com a participação do diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres do Ministério da Integração, Armin Augusto Braun, e tinha como objetivo discutir e planejar políticas públicas para mitigar os efeitos adversos da seca.
A solicitação para realizar esse debate partiu do deputado Saullo Vianna (União–AM), que expressou extrema preocupação com a situação alarmante. Infelizmente, ainda não há uma nova data definida para a audiência pública. “A seca deve atingir uma área ainda maior e pode se prolongar até o fim do primeiro semestre de 2024, causando uma tragédia humana e ambiental na região amazônica, com impactos significativos no clima de outras partes do país”, advertiu o parlamentar amazonense, sublinhando a seriedade do problema.
Os efeitos da seca já são evidentes, com os níveis dos principais rios do sul do Amazonas ficando bem abaixo da média histórica para esta época de estiagem. Vianna destacou que a situação, naturalmente difícil, se tornou dramática. Comunidades inteiras estão sem acesso a água e isoladas, uma vez que a navegação tornou-se inviável em vários pontos de rios cruciais, como Madeira, Juruá e Purus.
Uma realidade ainda mais dura é enfrentada no estado do Amazonas, onde 60% da população rural depende de fontes naturais de água, como rios, igarapés, lagos ou açudes, para o consumo humano, sem qualquer tratamento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 10% da população do estado tem acesso à rede de água encanada.
A crise parece longe de ser resolvida, com projeções indicando uma piora na situação dos rios, especialmente na bacia do rio Madeira. Vianna também apontou para o aquecimento do Atlântico Tropical Norte como um fator agravante. “A seca na bacia do rio Madeira deve piorar em virtude de o Atlântico Tropical Norte estar muito quente”, alertou o deputado, lembrando que um cenário semelhante contribuiu para a devastadora seca de 2005.
A incerteza sobre quando o debate será retomado adiciona uma camada extra de urgência à questão. A falta de uma resposta coordenada e eficaz pode levar a uma deterioração ainda maior das condições na região, deixando milhões de pessoas em risco e ampliando os impactos ambientais e climáticos em todo o país. A sociedade espera que ações concretas sejam tomadas antes que o desfecho se torne irreversível.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados