Em uma celebração ao legado da axé music, uma audiência pública conduzida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados destacou a relevância cultural e histórica desse gênero musical inconfundível. O evento, que reuniu importantes figuras do cenário artístico nacional, proporcionou uma rica discussão sobre o impacto social do axé, especialmente em suas raízes negras da Bahia, território de onde emergiu e se expandiu para o mundo.
Margareth Menezes, ministra da Cultura e outrora uma ilustre representante do axé, pontuou sobre a importância desse gênero como uma narrativa viva da história negra no Brasil. Para ela, a axé music transcende o mundo artístico para se tornar um meio de valorizar e honrar as lutas históricas do povo negro no país. “É uma música que nos permite construir referências positivas sobre nossa história. Ela guia nossa maneira de ser e vestir e nos ajuda a reverenciar nossos heróis passados”, afirmou a ministra.
A cantora e compositora Daniela Mercury reforçou o papel do axé como um forte movimento de resistência. Recordando sua origem na efervescência pós-ditadura nos anos 1980, Daniela lembra que o axé surgiu como voz para um povo ansioso por expressão e mudança. Ela destaca que essa “revolução” foi impulsionada pelos blocos afro de Salvador, com foco especial no grupo Olodum. Ao reverenciar o gênero, Daniela expôs a dimensão política e emocional de suas músicas, que celebraram o advento da democracia e foram símbolo de renovação e felicidade para muitos brasileiros.
Entrando no contexto histórico do nome, o jornalista Hagamenon Brito, que cunhou o termo axé music, revelou que, inicialmente, a escolha foi feita de forma irônica. Sendo um amante do rock, ele estranhava a novidade, mas hoje reconhece o impacto positivo e abrangente do movimento.
Carlinhos Brown, outro ícone do axé, não deixou de ressaltar a perenidade e importância do gênero para a cultura nacional. Afirmando que o axé continua a educar e ativar socialmente, Brown defendeu seu vigor contínuo, elogiando a proposta de Lídice da Mata, deputada que propôs o Dia Nacional da Axé Music para 17 de fevereiro, data que marca o primeiro Carnaval após a icônica “Fricote” de Luiz Caldas.
A audiência pública encerrou-se com uma nota de otimismo e gratidão pela representatividade do axé, evidenciada no apoio internacional e no constante reconhecimento no cenário musical global, garantindo que este gênero, embora nascido em solo baiano, ressoe em multidões de clave-sol ao redor do mundo.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados