Coreia do Sul em crise: Presidente declara lei marcial em meio a tensões políticas
Por Arthur Goes
Seul – A Coreia do Sul enfrenta um momento crítico em sua história recente. O presidente Yoon Suk Yeol declarou lei marcial nesta segunda-feira (3), justificando a medida como necessária para “proteger a ordem constitucional e a liberdade”. O anúncio, transmitido ao vivo pela emissora YTN, ocorre em um contexto de crescentes tensões entre o governo e os partidos de oposição.
Yoon acusou os opositores, em especial o Partido Democrático, de criarem uma crise institucional ao utilizarem o Parlamento para desestabilizar o governo. Entre os motivos citados estão a tentativa de destituir promotores ligados ao governo e a rejeição de uma proposta orçamentária.
“Essa é uma medida para preservar o Estado de Direito e evitar que interesses partidários comprometam o futuro da nossa nação”, declarou o presidente durante o discurso.
Militares bloqueiam Parlamento
Após a declaração, forças militares cercaram o edifício do Parlamento em Seul, provocando uma reação imediata da oposição. Líderes do Partido Democrático denunciaram a medida como “ilegal” e “um atentado à democracia”.
“Isso é um retorno aos dias sombrios de regimes autoritários. A democracia sul-coreana está sob ataque”, afirmou o líder do partido, em um pronunciamento veemente à imprensa.
A população sul-coreana, conhecida por sua longa história de lutas pró-democracia, também começou a se mobilizar. Protestos contra a lei marcial foram relatados em várias cidades, incluindo Busan e Daegu.
Contexto histórico agrava as preocupações
A decisão de Yoon Suk Yeol remete a um passado doloroso para os sul-coreanos. O país já enfrentou períodos de lei marcial durante regimes militares, como em 1980, quando o general Chun Doo-hwan usou forças armadas para reprimir protestos pró-democracia em Gwangju, resultando em centenas de mortes.
Analistas políticos apontam que a declaração de lei marcial pode agravar ainda mais as divisões internas no país e prejudicar sua imagem internacional. Organizações de direitos humanos e líderes globais estão monitorando os desdobramentos, preocupados com possíveis violações de liberdades civis.
Reações internacionais
A comunidade internacional respondeu com cautela, mas alertou sobre os riscos à estabilidade regional. Representantes da ONU pediram que o governo sul-coreano respeite os direitos humanos e a democracia.
Nos Estados Unidos, tradicional aliado da Coreia do Sul, o Departamento de Estado afirmou estar “profundamente preocupado” com os desdobramentos e reforçou o compromisso com a democracia no país.
Próximos passos
Ainda não está claro quais medidas específicas serão implementadas sob a lei marcial. Especialistas temem que a medida possa levar a uma escalada de tensões, colocando o governo e a oposição em rota de colisão.
Enquanto o futuro político da Coreia do Sul permanece incerto, a população se prepara para dias decisivos que podem moldar o destino da democracia no país.
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