Rás Gonguila, o rei do carnaval maceioense, é uma figura icônica que marcou a história da cultura alagoana. Benedito dos Santos, seu nome de batismo, nasceu e cresceu em meio aos sons e cores da cultura de Alagoas, o que despertou nele um encantamento que o acompanhou até a vida adulta. Rás Gonguila, como passou a ser conhecido, se tornou uma figura emblemática nas ruas de Maceió, anunciando a chegada do Carnaval através do som do seu clarim.
A origem do nome Rás está ligada a uma possível descendência nobre etíope, com relatos de antepassados que teriam fugido do ataque dos “paulistas” e se refugiado na República dos Palmares. Essa linhagem real teria sido preservada e continuada por Gonguila.
Além de carnavalesco, Rás Gonguila também era engraxate. No entanto, seu verdadeiro legado foi a fundação do bloco Cavaleiro dos Montes, que se tornou uma agremiação carnavalesca histórica em Alagoas. Tamanha foi sua importância que a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, do Rio de Janeiro, irá cantar a história do bloco no Carnaval de 2024.
Apesar de poucos registros sobre a vida de Rás Gonguila, sua história é contada por amigos, conhecidos e sua extensa família, que inclui sete filhos, tanto biológicos quanto adotados. Dona Maria de Fátima dos Santos, filha de Gonguila, descreve seu pai como um homem sábio e esclarecido, apesar de ser analfabeto. Ele era visto como um conselheiro por todos que o conheciam, sempre oferecendo orientação sem nunca levantar a mão para um filho.
Gonguila também incentivava os estudos de seus filhos, mesmo não sabendo ler ou escrever. Ele sabia da importância da educação para que seus filhos tivessem uma vida melhor. Sua dedicação ao bloco Cavaleiro dos Montes era evidente, desde o cuidado com o estandarte até a organização dos desfiles pelas ruas da cidade.
A importância de Rás Gonguila ultrapassava as fronteiras do Carnaval. Ele se tornou uma figura de destaque na sociedade, sendo convidado por políticos em busca de apoio eleitoral. Sua relação próxima com autoridades era notável, e ele participava ativamente de eventos políticos e inaugurações.
Apesar de ter várias mulheres em sua vida, Rás Gonguila não escondia seus relacionamentos e levava suas esposas para visitar umas às outras. Isso gerava conflitos entre elas, principalmente quando se encontravam no Mercado da Produção. Essa vida amorosa movimentada era conhecida por todos na cidade.
Após sua morte em 1968, Rás Gonguila foi enterrado no Cemitério São José, no Trapiche da Barra. No entanto, seu legado continuou vivo através do bloco Cavaleiro dos Montes, que conquistou 23 títulos máximos ao longo dos anos. A preservação dos estandartes do bloco pode ser vista no Museu Théo Brandão.
A homenagem tão esperada finalmente chegou para Rás Gonguila. A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis anunciou que irá cantar a história do bloco no Carnaval de 2024, deixando sua família emocionada e orgulhosa. A memória desse grande nome do carnaval alagoano será preservada através dessa homenagem merecida.
A história de Rás Gonguila ecoa pela cultura alagoana, lembrando a todos da importância do Carnaval e do legado deixado por aqueles que dedicaram suas vidas a essa festa sagrada.













