Ao se encontrar com o rei Abudullah 2ª, da Jordânia, nessa terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou pelo constrangimento de ouvir desse mandatário que seu país “segue e reitera a firme posição totalmente contrária ao deslocamento de palestinos em Gaza e na Cisjordânia”.
O encontro e a declaração do rei ocorreram um dia após Trump ter ameaçado suspender repasses financeiros à Jordânia, caso seus líderes não aceitem a proposta de receber a população palestina que o presidente norte-americano quer ver definitivamente retirada de Gaza, para que ele tome essas terras para seu domínio.
Enquanto Donald Trump vem ampliando sua tática de pressão sobre os países com quem tem algum interesse de negociação, numa visível exteriorização de blefe e chantagem, mas nunca escondendo seus reais instintos de dominação e expansão territorial, o mundo reage a essas tentativas, com líderes de muitos países expressando de modo veemente e até virulento sua indignação.
É assim que o conjunto de países do Oriente Médio, a ONU e os palestinos rejeitam de maneira categórica a ideia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “assumir o controle” da Faixa de Gaza e transferir seus habitantes. Um dos territórios que ele ofereceu, de maneira indevida, para acolher os palestinos expulsos, foi justamente a Jordânia, de quem já se sabe, agora, que a posição é literalmente contrária aos interesses de Trump.
Parece mesmo que o único aliado de Donald Trump nessa investida insana é o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, exatamente o dirigente governamental que comandou e comanda o massacre ao povo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, dizimando até o momento mais de 45 mil vidas humanas, com a sórdida eliminação basicamente de crianças e mulheres.
Fora Israel, as reações são as mais vigorosas e crescentes pelo mundo afora, com governantes de vários países rotulando Donald Trump como ele tem realmente aparentado ser: insano, ditador, cruel, desumano.
Mas esses rótulos não têm feito Trump parar nos seus intentos. E um dos principais focos de sua ira tem sido instituições humanitárias históricas, como a Organização das NAções Unidas, que em dezembro do ano passado, durante sua Assembleia Geral, por uma decisão expressiva de seus integrantes, aprovou, por 157 favoráveis e apenas 8 contrários, a instituição de uma Cúpula destinada a criar o Estado Palestino. Essa cúpula está marcada para acontecer de 2 a 4 de julho de 2025, na cidade norte-americana de Nova York.
Entre os 8 votos contrários à cúpula para formação do Estado Palestino, estavam, pela lógica, Estados Unidos e Israel, a Hungria, dirigida pelo extremista de direita Victor Orbán, e a humilhada Argentina, liderada hoje pelo emblemático Javier MIlei.
Pouca gente tem se apercebido disto, mas é exatamente essa decisão história e corajosa dos chefes de Estado que compõem a ONU, de criar condições formais para que o Estado Palestino seja finalmente instituído, que está alimentando toda essa fúria de Trump contra instituições. Recentemente determinou a retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde e decretou que seu país também se retire de programas mundiais importantes para a humanidade, como aconteceu recentemente com a saída do Fundo Climático Mundial e do Conselho de Direitos Humanos dessa aclamada instituição mundial.
Asfixiando financeiramente a ONU, a OMS, deixando essas instituições cada vez mais fragilizadas para o trabalho de assistência a populações vulneráveis em várias partes do planeta, especialmente da África, Ásia e países latinos, Trump tem a alucinação de ver os Estados Unidos como o centro do universo, capaz de mandar e desmandar como se os demais países não existem, ou se existem, devem ficar aos seus pés.
Por José Osmando