Até o final deste século, pelo menos mais 6 milhões de seres humanos morrerão em consequência de causas adicionadas ao clima, devido a temperaturas extremas, e esses 6 milhões de almas estarão todos em países pobres.
Essa chocante advertência acaba de ser feita pela economista e cientista francesa Esther Duflo, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia de 2019, que se dedica ao estudo da elevação de temperaturas e suas relações com os países mais pobres do mundo, onde as pessoas ficam evidentemente mais expostas às intempéries danosas das altas temperaturas. Ela é professora de alívio à pobreza e economia do desenvolvimento do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), e dedica-se a relacionar clima e pobreza.
Pelos cálculos que ele desenvolveu, as emissões de gases-estufa em países ricos, que só em 2022 atingiram 14,4 bilhões de toneladas de CO2, custaram, só aí, aos países mais pobres, uma estimativa de US$ 1,8 trilhão. Daí, ela defender que não há como pensar em pobreza sem pensar em clima e vice-versa.
Nesta COP30, à qual está presente, ela vem sustentando a abordagem de colocar os países de renda média e baixa renda e as pessoas vulneráveis de volta ao centro do debate climático. E isso por dois motivos. Primeiro, porque são os mais afetados pelas mudanças climáticas. Segundo, porque, no futuro, a redução das emissões terá que vir dos países de baixa e média renda. Porque, se as nações da OCDE reduzirem suas emissões e se esses outros países aumentarem as suas, não se chegará a um ponto de sucesso. Os países ricos preisam parar de tomar suas decisões isoladamentre, como se não existisse o resto do mundo, e logo esse lado que precisa de mais recursos para sobreviver.
A Nobel de Economia defende que se estabeleça um grande pacto, que ela resume como um “Pix do clima contra a mudança climática”, pelo qual os paíse ricos da OCDE reconheceriam que as emissões prejudicam as pessoas pobres. E diz que é possível calcular quantas vidas humanas são perdidas a cada tonelada de carbono jogada na atmosfera e estimar suas perdas em dólar.
Assim, cada tonelada de carbono equivale a cerca de US$ 130 em danos e na forma de mortalidade em países pobres. Por isso sustenta sua proposta de que os países ricos concordariam em pagar esse valor anualmente aos pobres, correspondente às suas emissões. E em troca, se um país pobre ou de baixa renda quisesse participar, concordaria em dar preço ao carbono ou taxá-lo. Assim, teríamos uma compensação climática em troca de ações climáticas. Mas o país pobre teria autonomia, estaria no controle, não sendo mais massa de manobra nas mãos dos países ricos que por enquanto só fazem gerar emissões.
E ela explica que em países que não são pobres mas que também são afetados pelas mudanças climáticas, como Brasil e Índia, o “Pix do Clima” seria condicionado às próprias mudanças climáticas. Num exemplo: se fizer três dias de calor extremo, as pessoas receberiam uma transferência por mês. Essa é a ideia. A transferência de recursos ajudaria as pessoas a lidar com as altas temperaturas. Além disso,o aporte dos recursos transferidos faria parte da indenização pelos danos causados às comunidade para ajudá-las a se adaptar às mudanças climáticas.
Esse fundo proposto por Esther Duflo teria significativo impacto para ajudar cidades e vilarejos a construir infraestrutura para se adaptar às mudanças climáticas, preparando-se para a incidência de eventos que carreguem desastres. Seria, de fato, um fundo global bancado pelos países ricos, historicamente grandes emissores – e que permanecem com essa postura até hoje-, para financiar pessoas, cidades, comundiades e países a se prepararem nas formas mais adequadas a fazerem enfrentamento às mudanças climáticas e a evitarem que as previsões sobre a mortandade de pessoas se concretize.
Por José Osmando













