Vivemos uma quadra delicada e apreensiva para o Planeta Terra, que requer esforço e seriedade para encontrar os caminhos que possam conduzir ao equilíbrio e ao mínimo de tranquilidade, permitindo que os seres vivos possam sobreviver apesar dos problemas já implantados.
Enquanto governantes mundiais e especialistas em questões ambientais se reúnem no Brasil para debater as questões relacionadas às mudanças climáticas e suas consequências para a humanidade e, no momento, igualmente, em que negacionistas detentores de acentuado poder, como Donald Trump, sustentam que essa história de clima “é uma grande farsa”, deparamo-nos com um estudo do MapBiomas Atmosfera, hoje divulgado.
Esse levantamento aponta que em 2024 o valor de anomalia das temperaturas ficou em 1,2ºC, acima da média dos últimos 40 anos.
E mais: a Amazônia, esse extraordinário bioma que constitui esperança para a humanidade, teve sua temperatura, em média, elevada em 1,5ºC, além do limite fixado pelo Acordo de Paris, e o bioma do Pantanal brasileiro também elevou-se de maneira forte, atingindo média de 1,8ºC, igualmente batendo o teto adotado em 2015 pelo tratado internacional sobre mudanças climáticas.
Outro dado preocupante -embora não surpreendente-, é que o Estado do Piauí é a unidade federativa com a temperatura média mais alta registrada no país entre 1985 e 2024. A maior parte do seu território, de clima semiárido, teve média de 26,9ª₢, superando em 0,1º₢ o também nordestino Estado do Rio Grande do Norte. A temperatura média nacional nesse período ficou em 24,6º₢, deixando o território piauiense com 2,3º₢ acima do que se registrou no país. Em todo o Brasil, o aumento da temperatura média, em 40 anos, foi na taxa de 0,29ª₢ por década.
As temperaturas em território brasileiro mantiveram-se acima da média desde 2014 e a mais alta observada em todo o período foi no ano de 2024 ( 10 anos após começar a subir), com um aumento de 1,2º₢ acima da média. São dados públicos oficiais que demonstram o quanto tem sido urgente o esforço governamental, mas também empresarial, para uma ação restauradora do meio-ambiente e da adoção de meios capazes de evitar novos danos.
Embora o Governo Federal anime-se com o fato de que a Amazônia, por exemplo, apresentou entre julho de 2025, comparado a 2024, a menor taxa de desmatamento já registrada nos últimos 11 anos, numa sequência de quedas que está entrando no quarto ano (conforme dados do INPE), ainda preocupa fato de que, mesmo assim, nesse último ano a área desmatada na região foi de 5.796 km², o que é muito alto e inquietante. Sobretudo porque, ao contrário da queda nos desmatamentos, a Amazônia viu acentuar-se de modo criminoso o avanço das queimadas, que alcançou o maior volume em 20 anos.
Pesquisadores ligados a questões climáticas asseguram que os desmatamentos e as ilhas de calor urbanas contribuem severamente para o aumento das temperaturas. E explicam que a vegetação proporciona sombra e vapor d’agua, suavizando as variações de temperatura, e que boa parte da energia do sol, sem a presença da vegetação, é revertida em calor sensível, fazendo a temperatura aumentar e intensificando os efeitos do aquecimento global.
Outra observação que os cientistas trazem é de que áreas fortemente urbanizadas, com o domínio do concreto e com a inexistência de vegetação e fontes de água no seu entorno, formam ilhas de calor urbanas.
Superfícies permeáveis, como concreto e asfalto, promovem aumento de temperaturas de modo irremediável. No caso do Piauí e outros Estados (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) com temperaturas médias muito elevadas, os cientistas apontam para um detalhe: nessas áreas existe um curta faixa litorânea, ao contrário de unidades federativas com vastas áreas litorâneas, como Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, que apresentam, em contrapartida, menores taxas de aumento de temperatura, ficando entre 0,10ºC a 0,12º₢ por década.
A presença de água, conforme esses especialistas, é fator que atenua as variações de temperatura. Quando o sol aquece uma superfície úmida, parte da energia é utilizada para fazer a água evaporar. Se a superfície é seca, toda a energia é convertia em calor sensível, o que faz a temperatura subir.
Por José Osmando













