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Super-salários e grandes fortunas são a chave contra o governo no Congresso

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O governo faz círculos, fica rodando em enormes dificuldades num vai-e-volta que parece não ter fim, na tentativa de conseguir aprovar o pacote de medidas econômicas, de regras fiscais que o façam fixar-se no equilíbrio financeiro necessário às contas públicas. E não consegue êxito.

A chamada grande mídia, expressando o que pensam os mandatários do mercado financeiro- maioria deles encastelados na Capitania Faria Lima-, chegam diariamente para trazer interpretações que, colocadas ao alcance popular, vão minando o esforço governamental, descredibilizando as medidas propostas, no intuito claro de, empurrando com a barriga, levar o Congresso à inação, sem nenhum desejo de concordar com o plano encaminhado ao legislativo. 

O estranho dessa movimentação contrária é que sendo a meta do próprio ministro Haddad entregar uma economia financeira de R$ 70 bilhões nos anos de 2025 e 2026, crescendo em valores até o ano 2030, o mercado e a chamada “grande mídia” nada dizem contrariamente ao fato de que as ações de parlamentares com o uso das emendas, especialmente das malfadadas “Pix”, consumiram, de maneira escondida, obscura, sem nenhuma transparência, recursos superiores a R$ 186 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024, conforme aponta relatório apresentado pelo Ministro Flávio Dino na análise demorada e criteriosa que fez sobre os atos do Legislativo.

A toda hora surge um defeito novo no plano. O mais recente, lançado a partir desta segunda-feira, é o de que o ministro Fernando Haddad ficou enfraquecido e isolado dentro do governo, sendo vencido pela turma (aqui leia-se PT) que tem inspiração no popular, na busca de iniciativas que busquem ao menos trazer inspiração contra as desigualdades sociais gritantes. De uma hora para outra, Haddad, antes combatido pelo poder econômico, agora virou amiguinho de primeiro momento. É uma parada dura lidar com essa gente, deve pensar o Presidente Lula.

Eles dão a entender que Haddad pretendeu medidas mais duras, cortes mais drásticos por parte do governo, mas teria  vencedora a corrente que busca uma solução intermediária, que vise proteger os mais vulneráveis e avançar mais penosamentre sobre os detentores de privilégios, com imposição tributária às grandes fortunas.

Na prática, a reação do mercado financista, dos especuladores da bolsa, useiros e destinatários de grandes fortunas depositadas no exterior, aponta em duas direções. A primeira delas, a proposta de tributar em 10% os ganhos de quem recebe R$ 50 mil ou mais, a cada mês, nisso atingindo de maneira justa e esperada os que detém acúmulo exagerado de dinheiro e ficam amparados por privilégios seculares, numa herança maldita de concentração que vem dos tempos do império e perduram intocáveis até hoje.

A outra razão desse entrave ao governo dentro do Congresso vem da proposta de alcançar os salários gigantescos praticados dentro do serviço público, cujo combate aparece pontualmente, vez ou outra,  como um desejo de gestão governamental , sem nunca ter obtido êxito, mesmo existindo um teto salarial fixado em lei.  Basta que lembremos o slogan de campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, que era  sustentado na “caça aos marajás”, ou seja, no combate a salários astronômicos.

Posicionar-se, portanto, contra essa tentativa de atingir os super-salários e tributar as grandes fortunas, capaz de gerar  sobras para estabelecer o equilíbrio fiscal e permitir ações que favoreçam os mais vulneráveis,a exemplo da proposta de isentar do imposto de renda quem ganhe até R$ 5 mil, virou estratégia dos opositores. Se depender desse raciocínio egoísta que defendem, o Brasil terá aumentadas as suas dificuldades de estabelecer um mínimo de avanço social, de oferecer proteção a milhares de pessoas expostas a toda sorte de dificuldade, muitas delas submetidas até mesmo à fome.

Por José Osmando

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