Uma prisão, ralizada agora no interior de São Paulo, graças a uma ação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro, por associação aos crimes atribuídos ao Comando Vermelho, a partir de seus comandos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é um forte atestado do quanto a liberação de armas e munições e a montagem de um plano nacional de Clubes de Tiro pelo país, foi um dos mais graves erros do Governo passado.
A operação, iniciada há um ano e meio, chega finalmente à prisão do empresário paulista Eduardo Bazzana, dono de uma empresa familiar na qual trabalhava com a mulher e o filho, presidente e proprietário de um Clube de Tiro frequentado com assiduidade pela elite da cidade de Americana, no interior paulista, formada por médicos, agropecuaristas, advogados e políticos.
Ele é acusado de, a partir da tranquilidade dos seus escritórios no interior de São Paulo, exercer relevante poder sobre o fornecimento de armas e munições ao Comando Vermelho, na Baixada Fluminense, oferecendo a estrutura necessária à atuação do Comando em várias comunidades da cidade do Rio para atuação no tráfico de drogas e armas.
Era até ontem conhecido como um empresário de muito sucesso, bastante respeitado na cidade de Americana, de 237 mil habitantes, até se chegar à prisão e aos relatórios policiais que o apontam como sendo um dos principais fornecedores de armas e munições para o Comando Vermelho, uma das organizações criminosas do Brasil com atuação marcante sobre o Riode Janeiro e São Paulo, e fortes ramificações por todo o país, inclusive no Nordeste, e ligações importantes com grupos criminosos de outros países.
A polícia fez buscas em quatro endereços do empresário Bazzana. Além da residência, foram realizadas batidas em outro imóvel do condomínio onde mora, na loja e na sede do clube de tiro. Além do Clube Americanense de Tiro, o empresário é também dono da PHVB Armas. Tudo sob sua posse tinha os devidos registros junto ao Exército Brasileiro.
Para medir a importância de Bazzana, seu clube tem mais de 7 mil associados de todo o Estado de São Paulo, que pagam, cada um, taxa anual de R$ 750,00. O local de sua propriedade já sediou um campeonato sul-americano de tiro e é tradicionalmente usado por policiais civis e militares para seus treinos. O site do Clube ressalta que o local possui 100 vagas para estacionamento de veículos, possui restaurante e suporte pouco existente em outros países.
Pois é desse ambiente que Bazzana fornecia armas e munições para um braço direito do Comando Vermelho em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com atuação logística no tráfico de drogas e e armas nas comunidades de Muzema, Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Penha.
Foram apreendidas 43 mil balas e 240 armas, sendo 16 fuzis e 20 pistolas em uma mansão na Barra da Tijuca e presos dez suspeitos de trabalhar para o esquema de abastecimento ao Comando Vermelho.
Na operação, a polícia encontrou um caderno com anotações de mensagens e ligações dos usuários dos celulares. Durante mais de ano e meio de investigações, tudo foi esmiunçado a partir do momento em que se chegou à anotação do sobrenome Bazzana, obtido numa planilha de sigilo telemático de um dos criminosos.
Pelas investigações, o empresário paulista recebeu R$ 1,6 milhão pela venda de carregadores e munições a um chefe do Comando Vermelho apenas num perído de 40 dias. Entre os ítens que Bazzana passou ao Comando Vermelho, havia pentes de AR-15 e de AR-10, e munições de AK-47 e pistola 7.62.
O envolvimento de Bazzana e sua facilitação nesses negócios criminosos eram de tamanha dimensão, que ele recebia depósitos bancários em suas contas, em espécie, e ainda realizava tansferências para pessoas diretamente associadas ao tráfico de drogas. Numa dessas transações, Bazzana enviou R$ 49 mil em três transações para a conta de um dos investigados que lavava dinheiro.
O resultado do avanço dessa operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro é contudente: a política de armamento adotada pelo Governo Bolsanaro foi uma das mais desastrosas oções que um governante poderia fazer na sua tentativa de “armar os brasieiros para se defenderem”.
O que de fato fez, foi proliferar a compra e uso de armas de fogo nas mãos da pessoas, submetendo sua liberação a um organismo sem preparação e capacidade técnica,no caso o Exército, abrindo as porteiras para que Clubes de Tiro se espalhassem pelo país afora, e nesse conjuno de debilidades, criando o ambiente adequado para que armas e munições, desviados desses CACs, chegassem aos integrantes do crime organizado como um bolo protinho na bandeija.
Por José Osmando