O anúncio feito hoje pelo IBGE, revelando que o PIB do Brasil teve uma alta inexpressiva, de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025, diminuindo seu impulso em relação aos três trimestres anteriores, quando cresceu 0,3%, não terá, muito provavelmente, qualquer peso no ânimo dos membros do COPOM para baixar as taxas de Juros Selic, hoje em 15% ao ano.
Nem a certeza de que esse fraco desempenho do PIB teve como consequência direta a incidência de juros astronômicos- que põem o Brasil no segundo posto de mais elevados do mundo-, terá qualquer influência no convencimento de que a manutenção do dinheiro que financia o sistema produtivo tão caro já há bastante tempo, precisa ser interrompida.
Na próxima semana, dias 9 e 10, o Comitê de Política Monetária, do Banco Central, fará mais uma rodada de suas tradicionais sessões, quando anuncia ao final do segundo dia qual foi a decisão em relação aos juros. Embora até mesmo gente do próprio “mercado”, -esse ente invisível que demonstra grande influência sobre as decisões do Copom-, venha sugerindo que o Comitê poderia iniciar a derrubada das taxas Selic, isso não deverá ocorrer.
Na terça-feira passada o próprio Copom, num comunicado formal, disse que a instituição tem “maior convicção” de que a taxa básica de juros a 15% ao ano é suficiente para assegurar a convergência da inflação em torno da meta, que é de 3%, com intervalo de tolerância de até 4,5%.
Traduzindo, o que o Copom está dizendo, embora alguém possa se animar a ver os juros caindo, é que não haverá aumento da taxa Selic. Mas, conclusivamente, que não há qualquer perspectiva de baixa de juros.
O próprio comunicado desta semana sustenta que o Comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.
Isso sepulta qualquer esperança do trabalhador, das famílias, do sistema nacional de produção de bens e serviços, que precisam do dinheiro para seus empréstimos e financiamentos a juros compatíveis à realidade brasileira e ao conforto de quem necessita recorrer ao sistema financeiro.
A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, avaliou nesta quinta-feira (4) que a desaceleração do consumo das famílias no terceiro trimestre deste ano influenciou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – que mostrou desaceleração.
Segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias, componente do PIB, desacelerou de 1,8% para 0,4% na mesma comparação.
Todo esse ciclo de PIB fraco e desaquecimento dos mercados de trabalho e de crédito nesse último trimestre, é uma resposta aos impactos defasados da política montearia restritiva e penosa levada a cabo pelo Banco Central, sempre na costumeira sustentação de se prevenir contra as pressões inflacionárias.
O Ministério da Fazenda, que fizera uma estimativa de que o Produto Interno Bruto do Brasil cresceria este ano em torno de 2,2%, já se prepara para revisar seus cálculos, reduzindo a meta.
Com isso, quem sofre é o mercado produtivo, desde os setores industriais, aos microempreendedores, aos prestadores de serviços e às famílias, de maneira geral, que se sentem obrigadas a reduzir o consumo e deixar de ter acesso a bens necessários, algo que vinha acontecendo de modo esperanço e estimulante desde 2023.
A partir da interrupção na queda dos juros, em junho de 2024, quando o patamar caíra de 13,75% para 10,50% ano, o mercado produtivo, as famílias, os trabalhadores, passaram a pagar mais caro nos seus empréstimos bancários, e aí a indústria, de maneira especial, passou a sentir os impactos desse peso financeiro nos seus negócios. Muitos empreendedores reduziram ou até mesmo interromperam seus negócios.
Na outra ponta, um pequeno e afortunado grupo de pessoas, devotadas à especulação financeira, com a qual ganham muito dinheiro sem qualquer risco na manutenção de suas bases, continua apostando que os juros não cairão. Se dependesse da vontade deles, até mesmo subiriam mais ainda, pois quanto maiores forem as taxas de suas aplicações, maiores serão os lucros por eles obtidos.
Por José Osmando













