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Na contramão do que faz Trump, COP30 convoca o mundo para grande mutirão | José Osmando

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O embaixador André Aranha Corrêa Lago, recentemente nomeado pelo Presidente Lula para comandar a COP30- a Cúpula Global das Mudanças Climáticas, evento que será realizado no Brasil em novembro próximo -, acaba de lançar uma carta dirigida a todos os integrantes desse empreendimento formado por mais de 190 países, na qual propõe que seja desencadeado um “mutirão global” contra os desastres climáticos que a cada dia se aceleram em todo o Planeta.

Estranhamente, em sentido literalmente oposto, no mesmo dia, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wrigth, perante uma plateia formada por líderes da indústria norte-americana, garantiu que o Presidente Donald Trump restabelecerá uma política que favoreça os combustíveis fósseis em detrimento das mudanças climáticas, sepultando todo o legado que o Presidente Joe Biden deixou no sentido da proteção e da restauração ambiental.

Na sessão inaugural da conferência de energia CERAWeeek, em Houston, o representante de Trump disse que o presidente acabará com a burocracia que atrasa os projetos de petróleo e promoverá as exportações de gás natural liquefeito. E anunciou que a administração Trump encerrará “as políticas quase religiosas e irracionais da administração passada sobre mudanças climáticas que, segundo ele, impuseram sacrifícios intermináveis aos nossos cidadãos”.

A fala do secretário de Energia dos Estados Unidos dá mostras de que Trump colocou a questão energética, sobretudo o foco no aumento elevado das explorações petrolíferas como política central de seu governo, uma disposição que vem desde o período de campanha, quando o então candidato reiterava esse afã pelo retorno do país à liderança na produção e comercialização de combustíveis fósseis. 

Trump, em reiteradas oportunidades tem diminuído os temas ambientais, desconsiderando e desqualificando as mudanças climáticas, inclusive com a retirada dos EUA de organismos voltados para essa questão, como a saída, logo que assumiu, do Acordo de Paris.

Muito certamente o mundo inteiro sofrerá um baque expressivo na política planetária sobre mudanças climáticas, sobretudo porque os Estados Unidos, historicamente, sempre contribuíram nessas questões, sobretudo bancando financeiramente investimentos importantes de proteção ambiental fora do país, e era um parceiro importante no Acordo de Paris, documento assinado em 2015, que propunha a distribuição ao mundo de US$ 100 bilhões, anualmente, para que até 2030 o equilíbrio ecológico fosse assegurado.

O dinheiro dos Estados Unidos fará muita falta nessa luta para dar aos países pobres e nações em desenvolvimento as conduções materiais necessárias para fazer a reconstrução ambiental mundo afora, num esforço coletivo para reparar a desmedida ganância que os países ricos e industrializados espalharam sobre a terra, gerando desmatamentos e causando outros estragos ambientais de difícil recuperação.

Na contramão do comportamento trumpista, o Brasil assume a presidência da COP30, a maior e mais importante cúpula climática entre todas as já realizadas, contando com a adesão de dezenas de países comprometidos com a restauração. O termo “Mutirão”, proposto pelo embaixador André Corrêa Lago, é “derivado da expressão em tupi-guarani “motirõ”, que se refere a uma comunidade que se reúne para trabalhar em tarefa compartilhada, seja colhendo, construindo, ou apoiando uns aos outros”.

O compartilhamento dessa imensa sabedoria expressa na língua dos nossos povos originários, é de grande oportunidade, pois diversos organismos mundiais dedicados à proteção dos humanos e dos animais e preocupados, para isso, com as questões essenciais da natureza, têm já há algum tempo alertado para a necessidade que governantes e lideranças do mundo inteiro sejam capazes de ouvir a experiência consagrada dos povos indígenas no convívio saudável com o meio ambiente. Os estudos demonstram que os povos originais remanescentes são muito mais capazes do que os demais humanos, mesmo até de empreendedores e ruralistas que usam modernas tecnologias, de manter as florestas de pé, de conservar os recursos naturais e as fontes de água em benefício deles próprios, mas em proveito notável de toda a humanidade.

Daí, ouvir os povos indígenas, como a COP30 pretende fazer, parece ser um dos bons caminhos para termos um mundo mais agradável e saudável.

Por José Osmando

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