Milhares de mulheres tomaram conta das ruas em todas as capitais brasileiras e em diversas outras cidades do país, nesse domingo, para levantar sua voz contra uma onda absurda de feminicídios que tem acontecido de maneira espantosa nos últimos anos, sem que haja indicativos, pelo menos até o momento, de que essa descabida violência possa cessar.
Só em 2025, faltando fechar os meses de novembro e dezembro, já foram mais de 1 mil mulheres assassinadas por seus maridos, ex-maridos, namorados, companheiros. Frente a esse movimento, espera-se, infelizmente, que os números se encaminhem para igualar 2024, quando o número de mulheres mortas em circunstâncias de feminicídio chegou a 1.450.
Alguns indicativos levantados por entidades independentes asseguram que esse número registrado em 2025 já chega à casa de 1.180 mortes.
Outra constatação revelada pelo Anuário é de que o serviço telefônico 190 registrou, só no ano de 2024, 1.067.556 acionamentos , equivalendo a 2 chamadas por minuto, e o serviço de medidas protetivas (MPU) concedeu, em 2024, 555.001 pedidos feitos por mullheres contra companheiros ou ex-companheiros, um salto de 7% em relação a 2023.
E mais: desses mais de meio milhão de pedidos de proteção atendidos, 101.560 foram descumpridos pelos agressores, o que faz elevar os riscos contra as mulheres.
Se olharmos para o que está acontecendo na cidade de São Paulo, a maior capital entre os Estados e centro econômico e financeiro do país, estarrece a possbildiade de que este ano pode ser o recorde de ocorrências. Na Capital paulista, neste fim de semana, enquanto ocorriam as manifestações contra o feminicídio, outras duas mulheres foram mortas e outra foi violentamente agredida, com ferimentos e sequelas, aumentando para 55 o número de assassinatos contra mulheres apenas em 2025.
São Paulo, Capital, deste modo, supera todas as estatísticas de feminicídio desde o ano de 2015, ostentando um recorde funesto e inaceitável.
Em todo o Estado, conforme até mesmo os dados oficiais do governo paulista, o número de assassinatos de mulheres já bate à casa dos 211, superando as 191 mortes ocorridas em 2024. Conforme levantamento realizado pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, quatro mulheres são mortas, a cada hora, no Brasil, por feminicídio.
Elas perdem a vida muitas vezes dentro do próprio lar, ou perseguidas nas ruas por seus violentadores, ou ficam com sequelas em decorrência das agressões, pois além das mais de mil ocorrências de mortes, as tentativas de feminicídio são ainda em número maior. Só em 2023, foram 3.780 atentados contra mulheres, por feminicídio, deixando consequência na vida dessas mulheres que, mesmo não morrendo, levam as marcas da violência para o resto de suas vidas.
Os autores de feminicídios estão por todos os lugares, em cidades grandes ou pequenas, e até em sossegadas comunidades rurais, e suas vítimas estão na plenitude da vida quando são atingidas, com 71% delas contando entre 18 e 44 anos de idade. Oito em cada 10 são mortas por companheiro ou ex-companheiro. E 64% das mortes ocorrem dentro da própria residência.
Um dado cruel: 64% das mulheres assassinadas em feminicídio são negras. Os homens são 97% dos assassinos de mulheres por feminicídio. Quando não matam ou agridem fisicamente suas companheiras ou ex-companheiras, esses sujeitos rotulados de homens exercem outros tipos de violência, como a violência psicológica, por exemplo, com o registro de 51.866 casos durante 2024, um aumento de 6% em relação ao ano anterior.
A presença marcante de mulheres nas ruas brasileiras durante esse domingo serve de esperança de que as as autoridades, de todos os níveis de governança e atividades legislativas, juízes e integrantes dos diversos ministérios públicos, despertem para essa tragédia e sejam vigorosos e rigorosos no combate ao feminicídio, expressando, deste modo, o convencimento de que isso é algo que deve a todos entristecer e envergonhar.
Por José Osmando













