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Juros nas alturas estão corroendo orçamento das famílias brasileiras | José Osmando

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São vários os sinais de que a economia brasileira anda aquecida, demonstrando impulso de quase todos os segmentos de produção e serviços, mas um fato contraditório vem causando enorme apreensão ao governo e a especialistas econômicos. Trata-se do endividamento das famílias brasileiras, que já está comprometendo 10% do orçamento familiar, uma constatação que o mercado vem fazendo de modo consistente, sem indicações de que isso possa ser logo normalizado.

O grave dessa história- o que já era previsto pelo bom senso-, é que esse comprometimento indesejável do orçamento das famílias decorre das taxas elevadíssimas dos juros Selic fixadas pelo Banco Central- hoje em 15% ao ano-, que quando levadas ao plano real, descontada a taxa de inflação, corresponde ao segundo lugar mais alto no mundo. 

Outro agravante nesse quadro é que os bancos brasileiros, ao seguirem a cartilha do Banco Central e fixarem suas próprias faixas de taxação de juros, impõem aos tomadores de dinheiro prazos muito curtos de quitação, o que sobrepõe encargos elevados em períodos menores, aumentando ainda mais as dificuldades das famílias.

Os últimos dados disponibilizados pelo próprio BC, relativos a maio, mostram que nesse mês  o peso desse endividamento familiar ficou em 9,86%, o maior da série histórica iniciada em 2005  e está acima do nível registrado em 2023, quando preocupado com a situação da época, o governo lançou o Programa Desenrola e com ele conseguiu reduzir a inadimplência e trazer a situação para um melhor controle.

Coincidindo com o Desenrola, em 2023 o Comitê de Política Orçamentária do BC (COPOM) iniciou uma série de cortes nas taxas Selic, que a partir de agosto caíram de 13,75% para 11,75% no final do ano, ficando em 10,50% em junho de 2024. 

Mas a partir daí o COPOM acelerou o motor dos aumentos das taxas, fechando o ano em 12,25%, continuou acelerando em 2025, até chegar aos 15% impostos hoje ao mercado.

É daí que vem todo esse inconveniente jogado nas costas das famílias brasileiras, afetando de maneira clara e consistente o mercado produtor, os setores de serviços, e desacelerando o consumo.

 Essa desaceleração, aliás, que é ruim para os setores produtivos, para os trabalhadores e para as famílias em geral, está bastante visível numa tremenda contradição, demonstrando ser o objetivo mais forte ao BC  elevar juros e mante-los nos níveis insuportáveis de hoje.

Com taxas nas alturas, embora a economia em geral perca fôlego e as famílias sejam jogadas no sacrifício, o sistema político do Banco Central, vestindo-se  na capa de proteção  do país ante o risco de aceleração da inflação, colabora para que uma elite improdutiva, que não gera e não vende nada, não propicia empregos e nem favorece a economia com o poder que detém, ganha sempre mais dinheiro através da especulação financeira, no jogo permanente de ações e dividendos e na armazenagem crescente e robusta de internação de dinheiro nos paraísos fiscais espalhadas mundo afora.

O peso maior dos juros elevados, dos prazos curtos oferecidos pelos bancos, sobrecarrega maciçamente as famílias vulneráveis, pelo aumento dos custos de seus empréstimos, que os levam ao aumento do endividamento e à inadimplência. Com isso, mais dinheiro de seus orçamentos, que seria destinado ao acesso a bens essenciais, a serviços, cultura, lazer, passa gradativamente a ser destinado cada vez mais para pagar compromissos bancários.

 E isso está tornando a desigualdade social insuportável, aprofundando o fosso entre muito pobres e, de maneira perversa, os cada mais vez muito ricos, a ponto de comprometer as famílias de baixa renda no acesso a custos básicos, como alimentação e moradia, a despeito de todo o esforço e resultados positivos de programas como o Bolsa Família.

Na metade de setembro, nos dias 15 e 16, o Copom do Banco Central volta a se reunir para dizer mais uma vez o que fará das taxas Selic. 

Embora contrariando a lógica do viver em Democracia, de  postular um mínimo de dignidade e igualdade, não se espera muito desse Comitê. O máximo que se prevê é que as taxas escandalosas de hoje (15%) sejam mantidas.

Por José Osmando

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