Os brasileiros foram dormir mais tranquilos nessa quinta-feira, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu tornar oficial a decisão de retirar o tarifaço de 40% que ele próprio impôs ao nosso país sobre um enorme leque de produtos nossos que eram exportados para os Estados Unidos.
Vigorando desde 6 de agosto deste ano, essas tarifas extraordinárias, que somadas às taxas de 10% já tradicionalmente cobradas nas relações comerciais entre Brasil e EUA, a carga tributária imposta por Trump passou a ser de 50%, inviabilizando a comercialização de um conjunto enorme de produtos, desde o suco de laranja, à carne, café, frutas, produtos industriais como aeronaves e peças de aviões, e praticamente todos os itens do agronegócio.
Desde que Trump tomou essa decisão- injustificável aos produtores/exportadores e ao governo brasileiro-, a reação local foi de cautela, de equilíbrio, mas de incansável esforço, seguindo linguagem diplomática, mas sempre muito firme no sentido de que a soberania do país jamais poderia ser afetada, especialmente no campo econômico, por motivações que só encontravam resposta no terreno político/ideológico, considerando-se que Brasil e EUA sempre foram parceiros comerciais, com o detalhe significativo de que a balança comercial pendia favoravelmente aos americanos.
E foi com essa firmeza da diplomacia brasileira e pela postura do Presidente Lula, exposta publicamente, de que o Brasil exigia respeito e não permitiria invasão da sua soberania como Nação livre e democrática, que as tentativas de negociação começaram a ser estabelecidas, inicialmente com enormes dificuldades.
Nessa tarefa, aliás, vale ressaltar o trabalho incansável desenvolvido pelo Vice-Presidente do Brasil, e também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que exerceu, junto ao corpo diplomático, um diálogo permanente com a diplomacia americana, na tentativa de abrir canais de negociação com a Casa Branca.
Casa Branca, aliás, que desde o começo dessa encrenca era influenciada por lideranças da oposição ao Governo Lula, comandadas por Bolsonaro, seus filhos e aliados que, postados nos Estados Unidos, que inundavam os assessores de Trump com notícias falsas sobre o Brasil e lutavam para que as tarifas absurdas fossem mantidas como modo de impedir que o STF julgasse e condenasse o ex-presidente do Brasil.
A firmeza evidenciada pelo Presidente Lula, seguida de maneira expressiva por Geraldo Alckmin, pelo corpo diplomático e agentes importantes dos setores econômicos, teve um papel determinante nesse desfecho que o país agora está testemunhando. Firmeza e autoconfiança estabeleceram os limites do que deveria ser possível negociar, de maneira clara e equilibrada, sem jamais permitir que a soberania do Brasil fosse de algum modo afetada.
O Brasi, enfim, saiu vitorioso. E Donald Trump deve ter aprendido algumas lições. Como, por exemplo, de que rompantes autoritários, ímpetos politico-eleitoreiros, sem justificativa e sem amparo na realidade, servem apenas para criar atritos desnecessários e findam, como todas as análises demonstram, prejudicando de maneira direta não apenas os produtores e exportadores do Brasil – que tiveram que pagar preço muito alto por esses destemperos-, mas de modo especial a própria população dos Estados Unidos, que se viu, de repente, diante de preços bastante elevados dos produtos que consome, com redução do consumo familiar e o risco de ver a inflação norte-americana crescendo de modo indesejável.
Reparar os danos causados aos produtores de todos os terrenos e aos exportadores que se viram sem alternativas para colocar seus produtos no mercado norte-americano, parece algo impossível de acontecer.
Mas é preciso, agora, que o Governo brasileiro, com a sabedoria e a firmeza com que se postou até o momento, siga na tarefa de retirar do tarifaço de 40% inúmeros outros produtos que não entraram nessa lista assinada por Trump e que a Casa Branca acaba de divulgar.
A primeira impressão que se extrai de tudo isso é a de que Trump veio para assustar, para “causar”, como se diz na linguagem de internet. Mas a lição final que fica é de que esse mesmo Trump tem um mínimo de sabedoria para não desrespeitar aqueles que se dão ao respeito.
E é exatamente isso que se dá no caso do Brasil. Um país que não se rende, mesmo que não tenha qualquer disposição para o enfrentamento, para a guerra. Simplesmente se põe, não arredando pé do lugar merecido da Soberania de seu povo.
Por José Osmando













