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Facções criminosas avançam nas tecnologias e expandem atuação | José Osmando

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Enquanto o Congresso Nacional trava a discussão sobre o melhor caminho para se combater o crime organizado, com parlamentares engavetando a proposta do Governo contida na PEC da Segurança Pública (SUS da Segurança), as organizações criminosas diversificam os seus meios de atuação, incorporam tecnologias de ponta e expandem suas fronteiras no Brasil, aumentando progressivamente o contrabando de minerais e o tráfico de drogas.

A situação é de tal gravidade que no mês passado a Polícia Federal, com integração de outros organismos de segurança, apreendeu no litoral do Pará um semi-submersível, uma embarcação igual à que dias antes havia sido interceptada na costa de Portugal.

 Na verdade, essa embarcação apreendida na Península Ibérica, que transportava 6,5 toneladas de cocaína, tratava-se de um “narco submarino”, até então algo nunca visto pelas autoridades. 

Nessa embarcação retida pelas autoridades europeias, três dos cinco tribulantes eram brasileiros.

Isso, que pela primeira vez se registrou na Europa, agora começa a ser visto também no Brasil, com essa interceptação feita no litoral do Estado do Pará, demonstrando o quanto as organizações criminosas estão se expandindo na região amazônica, com objetivos definidos de exploração ilegal e contrabando de minérios, com destaque  para o ouro, e também para a consolidação das rotas de tráfico de drogas entre o Brasil e o resto do mundo.

Conforme dados apresentados pelo Mapa da Segurança Pública, produzido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), o Brasil vem apresentando cerca de 500 ocorrências de tráfico de drogas por dia. Só em 2024 foram registradas 182,95 mil ocorrências, com um crescimento de 0,6% em relação ao ano de 2023. 

O aumento do tráfico de drogas ocorre de modo expressivo em três regiões do país, com o Centro-Oeste liderando, marcando um crescimento de 12,62% comparado ao ano passado; a região Sul registrando 4,96% de aumento e sudeste, com o Estado de São Paulo comandando as contravenções na região, totalizando 35,78 mil ocorrências apenas em 2024, seguido pelo Rio de Janeiro com 29,47 registros e Minas Gerais, com 20,44 mil ocorrências.

Dados da Polícia Federal mostram que o Governo vem realizando um duro combate às organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas, impondo a esses grupos forte baque financeiro. Só no ano passado, o alcance dos organismos de segurança sobre as organizações criminosas impôs ao crime um abalo de R$ 5,6 bilhões, superior aos R$ 3,3 bilhões que a criminalidade havia sofrido em 2023. A PF entende que a “descapitalização” financeira desses grupos, com um acréscimo de 70% no último ano, tem fator decisivo na diminuição das atuações criminosas.

Estima-se que o faturamento anual desses grupos criminosas ultrapassa à casa dos bilhões de reais, tomando-se por base os números apresentados em relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em 2022, quando se apurou que apenas no tráfico da cocaína o volume de recursos ficou acima de R$ 335 bilhões. E de lá para cá esses valores cresceram porque, mesmo com o combate feito pelo Governo, tem crescido o número de organizações criminosas que se instalam na região amazônica e no Centro-Oeste.

As organizações criminosas estão cada vez mais se sofisticando, tornando-se híbridas na atuação com drogas, minérios e armas, incorporando tecnologias que as integram com o mundo, e permitindo infiltrar-se em setores dinâmicos da economia brasileira, como a mineração, mercado imobiliário, comércio de combustíveis e transporte público, uma estratégia que tem servido para a lavagem de dinheiro.

A tecnologia tem sido o pilar de evolução das organizações criminosas. Como demonstra o estudo “O Desafio do Crime Organizado Híbrido”, chefiado pelo cientista Antonio Nicaso, do Centro de Pesquisas em Cibercrimes da Fundação Magna Grécia, organizações como Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), criaram centrais para a prática de golpes virtuais pelo telefone, utilizando mecanismos como o PIX e contas laranjas. 

O PCC, conforme relatos do Ministério Público, teria lavado cerca de R$ 6 bilhões por meio de duas Fintech, empresas que usam tecnologias bastante sofisticadas. Os golpes virtuais, facilitados graças ao roubo de celulares, permitam que só em 2023 as ocorrências registradas com o uso desses aparelhos ultrapassassem 937 mil registros.

Por José Osmando

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