Um inédito atrito entre França e Brasil estabeleceu-se nesses últimos dias, levado pelo impulso de produtores rurais franceses, que vêm nos produtos animais ali chegados, vindos da América do Sul, especialmente do Brasil, uma grave ameaça aos seus interesses e até mesmo à sua sobrevivência.
Os ruralistas europeus enxergam que a carne bovina e até mesmo os frangos que ali desembarcam chegam a preços menores do que eles conseguem produzir e, daí, a única forma que têm de evitar sua concorrência é impedir que continuem entrando na França.
Entre os dias 18 e 19, quando se realizava no Rio de Janeiro a grande Cúpula do G20, congregando as maiores economias do mundo e tendo como objetivo amplair acordos bilaterais, firmar pactos comuns de governabilidade e ampliar as relações comerciais entre nações de todas as partes, agricultores franceses tomaram conta das principais cidades, inclusive Paris, para protestar. E na forma atrasada, rudimentar, nada avançada como parcem viver, encheram as ruas de exterco animal, com grandes transtornos para os habitantes e visitantes. Foi essa a forma mais eficiente que chegou à mente para protestar contra produtos estrangeiros.
Essa onda incivilizada adquiriu configuração prática e drástica logo a seguir, quando o CEO Global da importante rede de supermercados e atacado Carrefour, em apoio aos produtores rurais franceses, decidiu proclamar que a partir daquele momento seu poderoso império comercial não mais compraria carne e frangos do Mercosul, afetando de maneira poderosa o Brasil, que se encarrega de levar à França e à Europa o maior volume dessas exportações. E o dirigtente empresarial foi mais além: falou muito mal da carne brasileira, realçando sua “má qualidade” e as condições inadequadas em que seriam produzidas.
A reação à postura irracional do CEO do Carrefour veio de imadiato, por iniciativa do Governo, manifesta na exigência feita pelo Presidente Lula de que o Carrefour se retratasse e voltasse atrás; na decisão dos produtores brasileiros de deixar de entregar carne e frango às lojas do Carrefour em território brasileiro. E logo surgiram outras consequências, com clientes da rede passando a acusar a falta dos produtos nas prateleiras, algo que desagradou, racionalmente, os dirigentes da rede no Brasil.
Nessa cadeia de movimentações, o embaixador da França no Brasil, Alexandre Bompard, expressando a preocupação do Carrefour em nosso território, logo procurou um entendimento com o ministro brasileiro da Agricultura, Carlos Fávaro, e logo apareceu a promessa de que o CEO Gloobal faria em breve uma retratação e tudo voltaria à nromalidade.
Esse episódio inusitado revela duas faces da mesma moeda. De um lado, a França, que muito claramente possui um setor rural atrasado, pobre de pesquisa e avanço tecnológico, respirando ares da idade média, sem capacidade de competitr com produtores rurais de outras partes do mundo que têm dedicado esforços na modernização de suas prátias e na conquista, consequentementee, de preços mais competivivos interna e externamente.
No outro lado da moeda, países como o Brasil, que se modernizaram, atualizaram, que se enriqueceram de pesquisa científica, de novos meios de produção, de tecnologias avançadas em todos os campos.
O Brasil que detém a extraordinária capacidade de uma empresa chamada EMBRAPA. Foi com sua notável contribuição, somada à qualidade do empresariado brasileiro, que o Brasil, nos últimos 40 anos, saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um dos gigantes provedores do mundo. Graças a pesquisas inéditas feitas por nossa empresa de extensão rural, o país passou a ser não apenas um respeitado exportador, como permitiu que a cesta-básica de alimentos, no âmbito ancional, sofresse enorme redução, baixando de preços ao longo do período, para chegar mais facilmente à mesa das famílias.
Mesmo num país com enorme concentração de riquezas, com a existência de um domínio territorial formado por gigantescas proriedades, foi possível ao Brasil obter conquistas espetaculares, casadas no binômio excelência da Embrapa com elevado empreendedorismo dos seus produtores rurais.
O Brasil figura hoje como um dos principais atores na produção e no comércio de carne no mundo. É o segundo produtor, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 2,5 milhões de toneladas de carne bovina vendidas a outros países. De janeiro a outuro deste ano, o Brasil exportou cerca de US$ 1 bilhão em carnes bovina, suína e frango para a União Europeia, dos quais apenas US$ 1,4 milhão para a França. Em volume, foram para o território francês somente 380, 5 mil toneladas, ante um volume de 260,7 milhõesde toneladas para o bloco europeu.
Isso não daria para tanto choro e desproporcionalidade. Mas é isso que faz ficar no atraso, nos tempos da pedra lascada.
Por José Osmando