logo_mco_2023_200X75
logo_mco_120X45

Publicidade

Publicidade

Crescendo como nunca, construção civil enfrenta escassez severa de mão-de-obra | José Osmando

COMPARTILHE

O setor da construção civil no Brasil passa por um notável momento de importância e peso, espelhando um processo de crescimento que se inicia a partir de 2023, mas enfrenta, ao mesmo tempo, duas ameaças muito significativas. 

A primeira delas diz respeito à elevação de  preços  de insumos básicos, em decorrência da incidência do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Um segundo embaraço, que também vem representando grande peso, refere-se à crescente escassez de mão-de-obra especializada.

Ainda que seja a construção civil o segmento em que tem se registrado maior crescimento nos valores salariais do trabalhador, que atinge níveis históricos, bem acima da média de outras categorias econômicas, as empresas não estão encontrando gente para contratar. 

 Em agosto último, o saldo de contratação, ainda que tenha ficado positivo, é o pior resultado numérico para um mês de agosto, desde 2021.

Esse é um cenário preocupante, porque,  sendo forçada a um imperativo de aumento de preços de imóveis,  em consequência da questões trabalhista, somam-se  a isso um clamoroso descompasso  agravado por juros muito elevados, por dinheiro mais curto e mais caro, disponibilizado pelo mercado financeiro. 

Essa é uma soma adversa que começa a apontar para um cenário de desaceleração.

Conforme dados revelados neste mês de outubro no relatório do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), em agosto o saldo líquido de empregos formais na construção civil somou 17,3 mil, representando o segundo pior resultado entre 2021 e 2025. Na comparação entre  agosto de 2024 a 2025, houve uma queda de 51,8% nas contratações, o que revela o tamanho do buraco que está se abrindo.

Mesmo que o setor da construção civil revele um comportamento de resiliência, mantendo saldos positivos entre demissões e contratações, esse tem sido um segmento bastante atingido por mão-de-obra, indicando para uma desaceleração persistente. Os analistas vêm nisso um espelhamento estrutural, porque do ponto de vista econômico há um ânimo bastante disseminado no país, com o desemprego alcançando o seu menor patamar histórico, desde que essa medição foi implantada, atingindo 5,6% no trimestre fechado em agosto.

Conforme analistas, ocorre um envelhecimento do trabalhador da construção civil, o que é fato crescente. Em 2016, a idade média desses trabalhadores era de 38 anos. Em 2024, saltou para 41 anos. E há um fato curioso: não são os salários que não exerçam atração aos jovens que querem entrar no mercado da construção civil, pois eles têm a melhor média  na economia. O setor se torna pouco atrativo por carregar uma imagem bastante pesada entre os mais jovens. 

Essa dificuldade em contratar- que não está no salário-, mas no desinteresse pela atividade, está mexendo com os dirigentes do setor e com as principais  empresas, na tentativa de mudar o perfil e torná-lo mais atraente. 

Por esse recorte etário, lideranças do setor desenvolvem campanhas para atrair jovens e mulheres para a construção civil, um setor historicamente dominado pelos homens , os “peões”, onde as mulheres não chegam de a 12%, em São Paulo, e não atingem 10% em  território nacional, na formatação dos empregos. Sindicatos de construtores têm iniciado investimentos na formação especializada, por setores, na esperança de que esses esforços possam sensibilizar jovens trabalhadores e mulheres a ingressarem nos seus quadros.

O objetivo dos dirigentes, com esse movimento, além de aumentar a presença de jovens e mulheres no setor, é aumentar a eficiência, especialmente no terreno tecnológico, diversificando o perfil da força de trabalho e tornando a construção civil sempre mais competitiva e vantajosa economicamente.

O setor sabe que é muito grande no Brasil, oferecendo ao BIP brasileiro, em 2024, um acréscimo  de 4,3%, alcançando os melhores patamares desde 2014. 

Sabem os dirigentes da construção civil, igualmente, que o Brasil vive um momento especial de desenvolvimento econômico, em que o Governo Federal tem por meta entregar mais de 3 milhões de moradias até o fim de 2026, depois de o país ter alcançado em 2023 o menor déficit habitacional da história, conforme dados da Fundação João Pinheiro. A proporção de famílias que se encontram no déficit caiu de 10,2% para 7,6%.

Isso demonstra notável avanço do setor e evidência que a questão da escassez de mão-de-obra deverá mesmo ser enfrentada por seus protagonistas diretos, certamente contando com apoio e estratégias de programas governamentais.

Por José Osmando

0

LIKE NA MATÉRIA

Publicidade