Já há gente no invisível mercado financeiro apostando num retorno da taxa Selic ao nível de 13% ao ano, na espera do que vão decidir os integrantes do Comitê de Política Monetária, que se reúnem em Brasília a partir de hoje, resultando em decisão que será divulgada ao fim do dia desta quarta-feira.
A pressão dos agentes financeiros, com notório empenho dos rentistas do sistema sobre os membros do Copom do BC, é muito forte, e conta com a visível colaboração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nessa que tem sido a maior escalada de juros elevados da recente economia brasileira.
O atual presidente do BC, Campos Neto, cujo mandato se encerra neste 31 de dezembro de 2024, para posse de Gabriel Galípolo, revelou-se ao longo de seu mandato um fiel escudeiro do rentismo. Dedicou-se a servir o prato cheio àqueles que lotam os cofres com ganhos muito além do que se remunera os fatores de produção, um limitado e privilegiado grupo que obtém elevadas rendas sem gerar ou ter gerado algum tipo de serviço ou benefício econômico e social.
Essa foi a grande marca de Campos Neto. Chegando ao comando do BC em 2019, ele assumiu a tarefa de retirar a taxa Selic de um patamar de 2,25% em 2020, para ir elevando pontualmente, até chegar aos espantosos 13,75% em que ficou durante um ano inteiro, de agosto de 2022 até agosto de 2023. Essa taxa com que o Copom de Campos Neto brindou os brasileiros, foi o maior patamar da história recente, desde 2016.
Vale olhar para as manifestações desse mercado. Das 125 instituições financeiras consultadas pelo jornal Valor, apenas três veem um aumento menor, de 0,25 ponto, no juro básico nesta semana. Todas as outras esperam que o Copom seja mais célere e eleve a Selic em 0,5 ponto, a 11,25% ao ano, já que existiria uma sensação de deterioração relevante do ambiente econômico.
Em razão disso, planta-se um ambiente de insegurança junto aos brasileiros através da mídia.
Nas últimas semanas tem havido uma movimentação sorrateira desses segmentos rentistas do mercado, ativando uma aceleração atípica das taxas do dólar frente ao real. O dólar já subiu até o momento 19,70%, sem nenhuma razão plausível, e não se observa qualquer intenção de intervir, como era usual no país.
Esse aumento do dólar afeta a vida dos cidadãos brasileiros de várias maneiras, não só quem usa a moeda estrangeira diretamente para viajar para o exterior ou importar e exportar produtos, já que a economia brasileira tem forte interligação com a de outros países.
Esse aumento na cotação do dólar tem efeitos diretos na inflação, pois sobem os preços dos produtos importados e, muitas vezes, os fabricantes nacionais de produtos concorrentes também ajustam os valores de seus produtos.
E se for uma movimentação plantada, como parece ser, tem o grave efeito de gerar uma insegurança na economia, fazendo parecer muito realmente que a economia está em risco, que há perigos para retorno da inflação e, assim, em defesa da Pátria torna-se imperiosa a elevação das taxas de juros. Mesmo que com isso se afete a produção, fragilize a indústria, os serviços, o emprego e o direito ao consumo. O importante, para esses, é que os de sempre não sejam afetados nos seus anseios de ganhos sempre maiores.
Por José Osmando