A Conferência Mundial do Clima, a COP30, realizada pela Organização das Nações Unidas aqui no Brasil, está chegando ao fim, e ainda não se bateu o martelo sobre as resoluções fundamentais que marcarão o seu documento final.
Duas questões parecem cruciais para um entendimento entre nações. Primeiramente, a falta de interesse que fica bastante visível entre os países desenvolvidos em abrirem seus cofres e passarem a financiar os países mais pobres na tarefa de restaurar o meio-ambiente destruído, e protegê-lo de agressões futuras.
O segundo ponto de discórdia diz respeito às exigências dos mais rigorosos ambientalistas quanto ao fim das explorações dos combustíveis fósseis -que querem isso para já-, e o pouco caso manifestado por países cada vez mais interessados no petróleo e no gás extraídos em diversas partes do planeta, e que suscintam o interesse crescente de grandes nações como os Estados Unidos e a maioria dos países árabes, onde se encontram grandes reservas.
Quanto ao primeiro tema, o do financiamento às ações de proteção climática, ontem voltou a ganhar impulso o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), com o anúncio feito pelo governo da Alemanha de destinar 1 bilhão de euros (cerca de US$ 1,115 bilhão ). Esse aporte- que parecia improvável depois das grotescas manifestações do chanceler alemão Friedrich Merz, que em discurso fez referências depreciativas a Belém, Capital do Pará e sede da COP30, dizendo que estavam felizes por irem embora e deixarem a cidade para trás- serviu para consolidar esse fundo, aliás uma proposta do Brasil defendida pelo Presidente Lula.
Com o anúncio alemão, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre já conta com o aporte superior a mais de US$ 7,5 bilhões, ante uma previsão orçamentária de US$ 10 bilhões para 2026- primeiro ano de vigência do projeto-, feita pelos próprios organizadores da COP30 e pelo governo brasileiro.
Antes mesmo de começar o ano, o TFFF já apresenta 75% da captação necessária, o que é visto como uma grande conquista, até mesmo porque Lula tem demonstrado esforço e confiança de que outros países vão aderir, com possibildiade de que até janeiro esse valor esteja fechado.
Depois da adesão alemã, os organizadores da COP30 e o governo do Brasil aumentaram a pressão sobre outros países ricos, historicamente responsáveis por processos acelerados de destruição do ambiente, e que ainda não se posicionaram sobre seus investimentos no Fundo, um instrumento que, de maneira clara, transformou-se numa das principais vitrines de sucesso dimplático da Conferência.
Feliz com o anúncio da Alemanha e o bom desempenho do Fundo Florestas, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, ressalta o esforço que vem sendo empreendido nas captações e expressa que está demonstrado que o Fundo sugerido pelo Brasil é muito bem estrururado e começa a apresentar as respostas que sempre foram esperadas.
Na construção do Mapa do Caminho- o documento final que será uma espécie de cartilha com detalhamento de metas e prazos para o futuro na proteção ambiental e no financiamento das ações-, as dificuldades maiores parecem ser mesmo as questões atreladas à saída mundial da dependência dos combustíveis fósseis.
O drama crucial é o seguinte: os países vulneráveis querem metas claras e também a certeza de que serão financiados; os países mais ricos e adeptos das explorações dos combustíveis fósseis, insistem em manter tudo sem muita clareza, sem prazos definitivos sobre sua redução e futura paralisação.
Pelo menos um dos entraves nos entendimentos sobre o próximo destino da Conferência do Clima, a COP31, foi resolvido. Os integrantes da Conferência chegaram um consenso nada fácil, e ao fim bateram o martelo. A próxima sede será a cidade mediterrânea de Antália, na Turquia, em novembro de 2026.
A Turquia não é um grande produtor de petróleo e sua economia depende de importações, mas tem aumentado a exploração, especialmente offshore, com descobertas recentes de petróleo e gás, como o depósito de 1 bilhão de barris em Gabar. O país também atua como importante rota de trânsito para o petróleo de países vizinhos, como Iraque e Azerbaijão, através de oleodutos como Kirkuk-Ceyhan e Baku-Tbilisi-Ceyyhan. Vê-se, assim, que essa escolha pela Turquia possa aumentar as dificuldades para que o fim dos combustíveis fósseis venhano tempo que o mundo mais ambientalista espera e deseja.
Por José Osmando













