Refletindo os bons indicadores que a economia brasileira vem apresentando em vários setores, como crescimento do emprego, elevação do PIB, recuperação e bom desempenho da indústria e dos segmentos de serviços, elevação da renda e do consumo, além de notável controle da inflação, os consumidores brasileiros aumentaram de maneira expressiva sua confiança no país .
A expressiva recuperação demonstrada em junho colocou o Brasil de volta à marca superior aos 50 pontos, indicando otimismo. O indicador do mês marcou 52,1 pontos, crescendo 3,4 pontos em relação ao mês de maio, aumentando também na comparação de junho de 2024. Em maio, o Brasil apresentava 48,6 pontos. A alta mensal foi a terceira mais elevada entre 30 países avaliados e com esse resultado o Brasil terminou o mês na 9ª colocação entre os países mais otimistas, um avanço de quatro postos na comparação com o mês de maio.
Divulgado pelo Instituto Ipsos, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) expressa, igualmente, que uma combinação de fatores econômicos recentes, com melhor previsibilidade sobre o futuro, faz crescer essa segurança de que o país avança num bom caminho.
Na visão de Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, fatores importantes, como o recuo nos preços de alimentos e redução nas projeções do IPCA para 2025, indicando expectativas inflacionárias mais estáveis no médio prazo, foram determinantes na percepção dos consumidores e no consequente aumento de confiança. Em junho, os alimentos, que antes vinham sustentando pessimismo na economia interna, registraram deflação após nove meses de preços mais elevados.
Foram marcantes nessa deflação dos alimentos, a queda, por exemplo, de -7,2% nos preços do tomate, -6,9% no de ovos de galinha, de -3,4 dos preços do arroz e de -2,5% nos preços de frutas. Na outra ponta, tornaram-se decisivos nessa postura otimista revelada pelos consumidores, o desempenho expressivo de alguns segmentos, com crescimento muito elevado.
É o caso, por exemplo, do mercado de automóveis, que em junho cresceu 6% na primeira quinzena de junho, na comparação com igual período de 2024, impulsionado pelas vendas diretas. E o comércio on-line de pequenas e médias empresas alcançou um faturamento de R$ 11,4 milhões, registrando um avanço de 45% em relação ao mesmo período do ano passado.
Se os brasileiros gostam sempre de fazer comparações com nosso país vizinho, a Argentina, aqui vão algumas informações nem tão agradáveis. Por lá, essa confiança que deu resultados bastante elevados ao Brasil, teve efeito contrário. A Argentina, que em maio, havia ficado na 17ª posição, deu três passos para trás e agora ocupa a 20ª posição, contra o nono lugar que o Brasil ocupa entre os países mais otimistas. Contrariamente aos 52,1 pontos marcados pelos brasileiros, os argentinos ficaram com 47 pontos.
A notícia de que os consumidores brasileiros estão mais otimistas com os rumos econômicos do país, chega num momento em que o Governo trava um duro embate com o Congresso Nacional, muito especialmente com a Câmara dos Deputados, em razão da derrubada, no Legislativo, de projetos e medidas governamentais que visam elevar a arrecadação tributária sobre o IOF. E segue o governo, igualmente, num visível desconforto frente às atitudes que setores da macroeconomia, os famosos habitantes da Faria Lima, têm adotado em relação à condução econômica feita pelo governo, gerando uma onda de pessimismo do mercado, o que contrasta literalmente com o que estão dizendo os consumidores.
As reações do mercado são entendidas como um entrave vigoroso, com enorme influência sobre os parlamentares, para impedir que a busca por novos recursos financeiros que possam gerar a necessária compensação para a renúncia fiscal pela isenção do Imposto de Renda aos que ganham até R$ 5 mil, recaia sobre as grandes fortunas. Isso, verdadeiramente, é uma coisa que o mercado lutará com denodo para impedir.
Daí, com justificada razão, estar o Governo indo bater às portas do Supremo Tribunal Federal, na esperança de ver retomada a PEC que altera as alíquotas do IR e tributa em 10% rendas acima de R$ 50 mil mensais. Atualmente essa tributação, sobretudo nas fortunas maiores, está próxima de zero. Se voltar a valer o decreto do governo, essa tributação sobre os mais ricos subirá gradativamente até 10% ao mês. A classe média, no Brasil, paga 27% de Imposto de Renda. E disso os parlamentares não querem falar.
Por José Osmando