Dados de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, divulgados ontem, mostram que o emprego no Brasil permanece aquecido, simbolizando o bom desempenho da economia nacional, com as atividades de serviço, comércio e indústria em movimentação satisfatória, mas o mesmo documento traz uma advertência preocupante: o corte de juros básicos, a partir das taxas Selic, do Banco Central, estão longe de sofrer baixas.
E como são os juros oficiais do BC que regulam as taxas cobrados pelas instituições financeiras, os setores produtivos terão sempre mais dificuldade de acesso aos empréstimos e financiamentos bancários, daí trazendo consequências danosas à expansão dos negócios e aos preços dos produtos gerados pelos diversos setores da economia.
Juros altos e avanço no desenvolvimento das atividades produtivas são fatores que não se casam.
Pelo contrário, quanto maiores e mais prolongadas forem as taxas de juros impostos ao mercado, menor serão as atividades do comércio, dos serviços e da indústria, daí reduzindo a capacidade de empregabilidade pelas empresas, resultando também, na mesma proporação, no aumento de preços ao consumidor.
O estudo do Ibre-FGV confirma os números da Caged/PNAD, de que a a taxa de desemprego no Brasil, no trimestre mais recente, encerrado em abril, foi de 6.6%, a menor já registrada desde 2012, há treze anos, portanto, período em que a pesquisa começou a ser feita pelo IBGE.
Revela, ainda, que as taxas de desemprego vêm apresentando queda há 46 trimestres, com mais expressivo desempenho de queda a partir de janeiro de 2023.
A informação sobre a queda do desemprego vem acompanhada de outra boa notícia: o rendimento médio do trabalhador brasileiro atingiu o maior valor para um só trimestre nesses 13 anos( R$ 3.426), na comparação com todos os trimestres anteriores.
Os trabalhadores com carteira assinada cresceram 0,8% no recente trimestre e já alcança 3,8% de evolução durante o ano de 2025.
Na avaliação de pesquisadores do IBGE, o mercado de trabalho está absorvendo mão-de-obra e está seguindo forte e resiliente, mantendo a população ocupada e melhorando a qualidade de vida do trabalhador, com a população com cartreira assinada sendo a única a crescer, ao contrário do que acontecia até 2022, quando o que mais ganhava força era a informalidade, onde o trabalhador não tem a garantia de qualquer proteção legal.
Esse contexto positivo no mercado de trabalho, contudo, ao invés de trazer impulsos animadores à aceleração do mercado, seguindo no caminho de maior volume de emprego e mais intensa valorização dos salários, constitui um viés de alerta para segmentos conservadores do mercado, que enxergam no aumento do emprego um risco de elevação inflacionária.
E é aí que entra o COPOM (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que aparece disposto a novamente elevar as taxas de juros Selic, que já estão hoje como uma das três mais elevadas do mundo, na casa dos 14,75% ano ano.
Daí, quando voltar a se reunir, nos próximos dias 17 e 18 de junho, o Copom estará de olho num novo aumento da taxa Selic.
Basta ver o que os integrantes do órgão fizeram constar no último boletim, de maio, quando novamente ocorreu mais uma aumento seguido: ” o cenário prospectivo de inflação segue desafiador em diversas dimensões. O cenário externo mostra-se adverso e particularmente incerto. O choque de tarifas e o choque de incertezas, apesar de todas as tentativas de mensuração, ainda são de impacto bastante incerto.”
Está aí, muito claramente, expressa nesses alertas, a real intenção do Copom quanto ao que fará o Banco Central para a próxima reunião. Espera-se, infelizmente, mais um aumento de taxa. E com isso, uma trava significativa no avanço do desenvolvimento econômico e, por consequência, uma contribuição danosa à qualidade de vida dos brasileiros.
Por José Osmando