Dados apresentados por diversos organismos internacionais e sustentados pelo Fundo das Nações Unidos para Alimentação e Agricultura(FAO), da ONU, dão conta de que em 2023 o espantoso universo de 2,33 bilhões de pessoas enfrentavam algum tipo de insegurança alimentar moderada ou grave, um quadro que se agravou durante o período da Pandemia da Covid-19 e que quase nada melhorou de lá para cá. Desse extraordinário contigente, o número de pessoas submetidas a insegurança alimentar grave, ou seja, que passam fome, é de 864 milhões.
Embora alguns países da América Latina tenham apresentado algum alento de 2023 até os dias de hoje, graças sobretudo a programas consistentes e exitosos como o Bolsa Família, implantado no Brasil pelo Presidente Lula, diversos países da África e Ásia tiveram seus quadros agravados. Países africanos chegam a apresentar 71,5% de seus habitantes sem acesso a uma alimentação saudável e adequada, uma situação apovorante se considerarmos que nos países desenvolvidas, de alta renda, o percentual da população com alguma dificuldade alimentar não passa de 6,5%.
Enquanto países poderosos gastam somas absurdamente altas de dólares no financiamento de guerras espalhadas por várias partes do planeta, com destaque para os conflitos armados entre Rússia e Ucrânia e as desgraças sangrentas promovidas incessantemente por Israel contra os povos palestinos, na Faixa de Gaza, e contra o lÍbano e Irã, não tem sido observado o mesmo empenho desses países de grande poder econômico em esforços para reduzir a fome que mata milhares e milhares de crianças, idosos e mulheres em muitos países. Nos dias atuais já se contam 52 conflitos armados no mundo, com estímulos e garantia financeira de Estados Unidos e países europeus.
Diante disso, é bastante animador verificar que o Fórum do G20, que está acontecendo no Rio de Janeiro e deve ser encerrado nesta terça-feira, acolheu ontem a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, com a assinatura de mais de 80 países que aderiram a essa maravilhosa iniciativa idealizada pelo Brasil, que vem sendo trabalhada pontualmente há mais de um ano, servindo, ao final, como coroamento do elogiável papel desempenhado por nosso país, que durante todo este ano de 2024 esteve à frente, na Presidência desse grupo que reúne as maiores economias do planeta.
Nesse trabalho persistente que o Ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, desenvolveu junto a dezenas e dezenas de ministros e outros agentes do governo brasileiro e de diversos outras nações, numa costura paciente e eficiente que resultou num documento bem fundamentado e de indicações práticas visíveis, sai viotorioso o esforço e o compromisso do Presidente Lula de dar ao mundo uma oportunidade de ação civilizatória e humanista que faça aos povos terem a esperança de que o fim da fome é algo atingível.
Além dos 81 países de todos os continentes, que até o dia de hoje já haviam assinado a proposta da Aliança Global, a iniciativa tem também a adesão de nove grandes institituições financeiras mundiais, 31 ONGs brasileiras e estrangeiras, e o aval da União Europeia e da União Africana de nações. Fazem parte desse leque de apoios importantes economias do mundo, como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, África do Sul, Emirados Árabes.
Para ter-se uma ideia do peso financeiro que esse apoio trás para a Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, apenas do BID ( Banco Interamericano de Deseolvimento) virão US$ 25 bilhões ( R$ 146 bilhões em valores atuais de reais). A Aliança já nasce com o formidável lastro de US$ 145 bilhões em caixa.
A Argentina é o único país atualmente integrante do G20 que se negou a assinar o documento, satisfazendo provavelmente um desejo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que faz escanrada oposição a esse que é o maior grupo de nações do mundo.
Por José Osmando