O Banco Central do Brasil, aquele que está presente na cabeça dos brasileiros por ser o responsável pelos juros exorbitantes que cada um de nós paga a cada operação financeira que realiza, entrou de vez no radar de interesses escusos e até mesmo na mira do crime organizado.
Antes das ameaças dos partidos que integram o Centrão no Congresso Nacional, que aprovaram, por unanimidade de seus integrantes, um pedido de urgência para que diretores do Banco Central possam ser removidos (demitidos) pela Câmara dos Deputados se adotarem práticas que atentem contra o “interesse nacional”, a Sinqia, empresa responsável por conectar os bancos ao sistema PIX, havia sofrido um ataque hacker que provocou o desvio de R$ 710 milhões em transações não autorizadas.
Esse evento ocorreu na sexta-feira passada, dia 29, e os dados sobre os estragos causados e indicação da origem dos ataques constam de relatório produzido pela Evertec, empresa controladora da Sinqia. Consta que a ação imediata do BC, a partir do fato detectado, permitiu bloquear cerca de R$ 589 milhões dos R$ 710 milhões que foram mirados, o equivalente a 83% do total.
O alvo da bandidagem, no caso do hacker, era o PIX, esse mecanismo eficiente, rápido e poderoso que o Brasil adota, que vem causando ciúmes e interesse avesso de Donald Trump, presidente da outrora histórica potência mundial,os Estados Unidos, e se tornou o foco da criminalidade que busca lavar dinheiro, operar transações ilícitas e servir a organizações como o PCC (Primeiro Comando da Capital), hoje uma das mais fortes estruturas econômicas do país, com assento garantido presença robusta no coração da Faria Lima, o mais importante centro financeiro de São Paulo e, por extensão, do Brasil.
No caso que envolve o Centrão na Câmara dos Deputados, de tentar dar ao Legislativo poderes para tirar de seus postos diretores do Banco Central (uma iniciativa que, pela Constituição Federal, cabe exclusivamente ao Presidente da República), a resposta veio de imediato no BC, mesmo antes que a iniciativa parlamentar pudesse rodar a Câmara e chegar ao plenário para sua provável aprovação.
Ontem à noite, o Banco Central decidiu acabar com essa história nebulosa da compra do banco Master pelo BRB(Banco oficial de Brasília), arquivando definitivamente a proposta, uma negociação que envolvia originalmente R$ 50 bilhões em ativos e deixava de fora R$ 23 bilhões em títulos de baixa liquidez, o que só fez levantar suspeitas de irregularidades pelo BC.
Analisado no Banco Central desde março deste ano, o processo de aquisição do Banco Master pelo BRB sofre questionamentos desde seu início, tendo o diretor de Organização do BC, Renato Gomes, entrado de vez na mira do Centrão e de organizações criminosas que operam as Fintechs através do PCC, que passaram a vê-lo como uma pedra no sapato que precisava-se removida.
O Banco Master, que se tornou poderoso no mercado e mantém estreitas relações com políticos influentes de Brasília através do relacionamento estreito de seu presidente Daniel Vorcaro, é apontado como um dos principais problemas no ambiente das Fintches, por suas operações nebulosas, por transações ilícitas e por ter dado passos enormes além das pernas, estando em situação patrimonial mergulhada em dificuldades.
O Banco Master enfrenta polêmicas por sua política de captação de recursos, que oferta taxas muito superiores às do mercado e ter uma prática de negócios focada em precatórios e direitos creditórios, considerados de elevado risco. Por isso, o Master é investigado por fraudes em operações de crédito consignado e foi associado a esquemas de lavagem de dinheiro na recente megaoperação realizado no final do mês passado.
O estranho, e que certamente pesou na decisão do BC, é como um banco oficial, o BRB de Brasília, se aventuraria em comprar um banco com situação complicada, por um valor de muitos R$ bilhões, se não carregasse outros interesses que não fossem simplesmente o de transação comercial lícita.
Por José Osmando