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Ameaças de Trump vão além da economia e podem gerar novas guerras | José Osmando

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O mundo vive os dias atuais diante de duas graves ameaças, uma no campo econômico, agravada de modo acentuado pelas atitudes insanas do presidente norte-ameriano, Donald Trump, de impor tarifas a produtos de outros países que entrem em território dos EUA e com isso elevar os preços das coisas em todas as partes do mundo, acentuando inflação e aumentando a pobreza.

A outra gravidade encontra também em Trump uma motivação muito forte, na qual o seu DNA está fortemente impresso. Trata-se da corrida armamentista que entrou nos planos e iniciativas de governantes mundiais, especialmente desencadeada pelos países da Europa, que vêm aumentando, como nunca visto, seus gastos militares, na busca de aumentar sua capacidade produtiva de armas, munições e equipamentos, diante do fato de que perderam a confiança nos EUA, que sempre fora o seu grande aliado no terreno da defesa.

As desconfianças dos europeus em relação dos Estados Unidos começaram a fincar suas raízes ainda na campanha eleitoral que levaria Donald Trump à presidência, a partir de sinais de amizade e cooperação que ele revelava nas suas referências  a Vladimir Putin, presidente russo, pela compreensão histórica de que a Rússia sempre foi vista como inimiga dos demais países europeus. 

Antes mesmo da posse de Trump, os europeus demonstravam inquietação em face da guerra que a Rússia desencadeou e sustentava contra a Ucrânia, um problema que se agravou após a posse do norte-americano, com a exteriorização de proximidade e colaboração entre os dois presidentes historicamente opostos.  E o conflito entre Rússia e Ucrânia foi bem o foco da questão, pois os europeus, ao longo desse conflito, desde o início, apoiaram e deram sustentação militar ao dirigente ucraniano.

Na semana passada, durante a reunião bianual da LAAD Defence & Security, realizada no Rio de Janeiro, dirigentes  de setores de defesa e segurança de toda a América Latina, que acolheu governantes e empresários interessados em debater tecnologias, inovações e soluções na área de defesa e inteligência, ficou bastante evidente a preocupação que o momento atual expressa, diante das apreensões entre governantes europeus e o governo dos Estados Unidos.

Numa lista de cerca dos vinte maiores fabricantes de armas e munições do mundo, os cinco primeiros colocados são empresas dos Estados Unidos. Juntas, elas somaram em 2023 uma receita de US$ 198,2 bilhões. Quando somados aos valores alcançados por cinco outras empresas norte-americanas que constam da lista de vinte maiores produtores, o faturamento dos EUA com a fabricação de armas, em 2023, chega aos US$ 240 bilhões.

Embora a Rússia figure em 7º lugar como maior produtor mundial, com um faturamento de 21,7 bilhões de dólares, abaixo dos cinco maiores norte-americanos e do Reino Unido ( US$ 29,8 bilhões de receita), a China tem 6 indústrias entre as vinte maiores do mundo, com um faturamento em 2023, bastante expressivo, de US$ 69,3 bilhões.

Uma empresa europeia, a britânica BAE Systems, que é a sexta do ranking, é a maior produtora europeia de armas e munições, e no ano de 2024 aumentou em oito vezes a sua produção anual, com investimentos superiores a R$ 7,5 bilhões. 

A realidade é que a presença imperialista de Donald Trump está fazendo o mundo virar de cabeça para baixo. Até mesmo aliados históricos da OTAN e dos Estados Unidos, como a Dinamarca, está também se armando, em decorrência da ameça de Trump de tomar para si a Groelândia. 

Os principais governos da Europa estão agora mirando um gasto com Defesa na casa dos 3% do PIB, algo que até  este momento só havia sido alcançado por cinco dos 32 membros da OTAN. 

O cenário é muito preocupante. Começou a existir uma caçada a ações de empresas armamentistas junto a  bolsas de valores de nações europeias. A maior empresa sueca do setor a Saab, teve suas ações com uma valorização de 81% em 2024, e seguem aumentando. E até mesmo a brasileira Embraer Defesa e Segurança, aproveitando-se da onda,  já entrou no mercado da OTAN com seu principal produto, o cargueiro KC-390, vendido até este momento a seis países do grupo.

O que se observa é que os esforços dos governantes mundiais, notadamente dos europeus, para enfrentar as incertezas e ameaças trazidas por Donald  Trump, não ficarão restritos apenas ao campo econômico, para proteger suas produções industriais e o comércio de bens de consumo. Mas cada vez mais colocará seu foco e iniciativas na estratégia de mudar um cenário armamentista no qual os Estados Unidos ainda detém 39% do mercado mundial. E, assim, se prepararem mais efetivamente para outras guerras.

Por José Osmando

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