O acordo celebrado hoje entre a União Europeia e o Mercosul, encerrando 25 anos de penosa negociação, tem um peso e um significado revelantes para mais de 700 milhões de pessoas que vivem nas áreas territoriais da Europa e América Latina e Caribe, em razão da parceria comercial e de investimentos que se estabelece.
Além disso, consagra o papel de líder político do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre buscou esse entendimento, vislumbrando a importância econômica e política que representa para os dois grandes continentes.
Desde 2023, como presidente do Mercosul, prosseguindo em 2024, como presidente do G20, o grupo formado pelas maiores economias do mundo, Lula vem perseguindo essa meta do acordo com a União Europeia, driblando dificuldades impostas por adversários da ideia, como a França, colocando-se corpo a corpo no convencimento de que o acordo seria muito bom para os dois lados. Fez um trabalho incansável e ininterrupto.
Apesar de que esse entendimento celebrado hoje ainda dependa de aprovação do Parlamento Europeu, para ratificá-lo, e conte com a oposição insistente da França e algumas resistências apresentadas pela Itália, não será difícil vê-lo aprovado, passando a valer já em 2025.
Para a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, o dia de hoje também foi “histórico”, como ela própria expressou, porque foi necessário vencer muitas barreiras, quase todas postas pelos europeus durante essa longa caminhada, período no qual o Brasil teve cinco presidentes da República, cabendo, finalmente, a Lula, o sabor da vitória, como prêmio e seu esforço e sua persistência.
A aprovação do acordo Mercosul/União Europeia vem numa hora em que a política mundial ganha dimensões imprevisíveis, graças ao retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que anuncia, com seu espírito truculento, severas punições aos países que não colocarem o dólar como sua moeda obrigatória de trocas.
Na prática, o acordo coloca o euro como o novo valor monetário nas negociações com os países membros do Mercosul. E isso certamente deixará Trump contrariado.
A esse recado que Trump recebeu do acordo firmado hoje, o futuro presidente norte-americano terá que lidar com a expansão vigorosa que a China vem estabelecendo na região do Mercosul, mas também com países europeus, expandindo seus negócios e levando essas nações a negociações mais vantajosas, menos impositivas e presioneiras como os Estados Unidos sempre buscaram realizar.
Por José Osmando