Nos últimos dois Jogos Olímpicos, as mulheres se destacaram no Time Brasil, conquistando inúmeras medalhas e chamando atenção pelas suas performances dentro dos campos, quadras, tatames e ginásios. No entanto, essa representatividade ainda não é refletida nos cargos de liderança fora das áreas de competição. Com o intuito de incentivar o esporte feminino em todas as suas esferas e aumentar a presença de treinadoras no alto rendimento, especialmente para os futuros Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), através da Área Mulher no Esporte da Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte, lançou o Programa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação (MIRA).
Desde o início das atividades em maio, dez treinadoras têm recebido mentoria especializada para identificar oportunidades de desenvolvimento com base em suas trajetórias individuais. Esse programa, em parceria com diversas confederações esportivas, proporciona atividades de mentoria in loco, como foi o caso da mentora Elinai Freitas e da treinadora Nayara Pontes. Elinai acompanhou Nayara durante um período de treinamentos com a seleção sub-19 de vôlei de praia em Saquarema, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Após esse período, Nayara seguiu com a seleção para o Mundial Sub-19 de Vôlei de Praia, na China.
Além de Nayara, Alexandra Cardoso, treinadora de tiro com arco, também recebeu suporte do MIRA em seu plano de desenvolvimento, integrando a comissão técnica da seleção brasileira em competições internacionais. De acordo com Taciana Pinto, Gerente de Desenvolvimento Esportivo do COB, o MIRA utiliza a aprendizagem baseada em viagens como uma estratégia formativa. A imersão em competições internacionais proporciona um ambiente único de aprendizado, onde as treinadoras podem trocar conhecimentos e experiências com outros profissionais do esporte.
O programa promoveu um alinhamento prévio com as confederações para estabelecer planos individualizados de aprendizagem, baseados na autorreflexão. Isso foi evidente na participação de Nayara no Campeonato Mundial Sub-19 de Vôlei de Praia na China, e de Alexandra no World Ranking Event de Tiro com Arco na Argentina.
Conforme apontam pesquisas internacionais e um estudo recente do próprio COB com mais de 300 treinadoras, o fortalecimento das relações entre as profissionais é fundamental. Essa rede de suporte é essencial para enfrentar desafios e tomar decisões em situações adversas.
Após um adiamento devido às enchentes no Rio Grande do Sul, um encontro presencial do MIRA está programado para ocorrer nos dias 19 e 20 de setembro na UNICAMP, em Limeira. Esse evento permitirá que as 10 treinadoras compartilhem suas experiências e aprofundem suas relações com os mentores. Além disso, será uma oportunidade de discutir a atuação de treinadoras com alunos e alunas do curso de Ciências do Esporte da UNICAMP, que recentemente incluiu uma disciplina inédita sobre treinadores esportivos.
O encontro ocorrerá na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da UNICAMP, onde funciona o Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte (LEPE). Este laboratório, em parceria com o COB, desenvolve pesquisas para compreender os desafios e o sistema de suporte necessário para a maior inserção e permanência de mulheres na função de treinadora esportiva. Os resultados desse doutorado visam propor estratégias para serem implementadas por confederações e outras instituições esportivas.
Larissa Galatti, professora e pesquisadora do LEPE, destacou que o MIRA é uma excelente oportunidade para aplicar o que foi estudado nos últimos anos, permitindo acompanhar de perto a carreira das treinadoras e avaliar o impacto das ações individualizadas implementadas.
O Programa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação (MIRA) tem como objetivo estimular a consciência e a reflexão, estabelecer metas de aprimoramento, promover aprendizagens contextualizadas na prática e fortalecer uma rede de suporte entre profissionais. A iniciativa envolve treinadoras de diversas modalidades esportivas, como tiro com arco, basquete 5×5, badminton, ginástica rítmica, vôlei, natação, judô, vôlei de praia, rúgbi e atletismo.
A Área Mulher no Esporte foi criada pelo COB em 2021 para fomentar o desenvolvimento de atletas, treinadoras, gestoras e outras profissionais do ecossistema esportivo do Brasil, buscando sempre a equidade de gênero e a inclusão no esporte.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Programa de Mentoria para Treinadoras do COB leva mulheres para competições internacionais de seleçõesObjetivo do MIRA, da Área Mulher no Esporte, é aumentar a presença feminina entre treinadores nos próximos Jogos Olímpicos; Nayara Pontes participou do Mundial Sub-19 de vôlei, na China, e Alexandra Cardoso, de competição de tiro com arco, na ArgentinaNavegue por tópicosAs mulheres foram os grandes destaques do Time Brasil nos últimos dois Jogos Olímpicos, liderando a conquista de medalhas. Se dentro dos campos, quadras, tatames e ginásios, elas estão brilhando, isso ainda não se reflete na liderança fora da área de competição.Assumindo o papel de incentivar o esporte feminino em todos os seus aspectos e, assim, buscando ampliar o número de treinadoras no Alto Rendimento e, consequentemente, nas delegações nos próximos Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), através da Área Mulher no Esporte, da Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte, lançou o Programa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação (MIRA).Desde maio cada uma das 10 treinadoras vem recebendo mentoria de especialistas na identificação de oportunidades de desenvolvimento a partir da compreensão de sua trajetória individual. Em parceria com as confederações, o programa oportunizou atividades de mentoria in loco. Uma delas foi com a mentora Elinai Freitas que acompanhou a treinadora Nayara Pontes em período de treinamento com a seleção sub-19 de vôlei de praia em Saquarema, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). A mentora pôde não só observar a atuação da treinadora com os atletas, como pode compreender melhor o ambiente da modalidade e as relações interpessoais com outros membros da comissão técnica. Depois do treinamento, Pontes acompanhou a seleção no Mundial Sub-19, na China.Além de Nayara, a treinadora Alexandra Cardoso, do Tiro com Arco, também teve suporte do MIRA em seu plano de desenvolvimento para que ela integrasse a comissão técnica da seleção brasileira em competições internacionais.“Uma inovação e contribuição do MIRA é utilizar a aprendizagem baseada em viagens como estratégia formativa para o desenvolvimento profissional dessas treinadoras. As viagens oferecem condições únicas de aprendizado, pois além de estarem situadas no contexto real de prática, favorecem a troca de conhecimento e experiências por meio da interação com outros profissionais”, explicou Taciana Pinto, Gerente de Desenvolvimento Esportivo do COB.“Para potencializar o desenvolvimento delas, houve previamente um alinhamento entre COB e as Confederações para que se estabelecesse um plano individualizado de aprendizagem, baseado na autorreflexão, durante a participação da Nayara como membra da comissão técnica no Campeonato Mundial Sub-19 de Volei de Praia, na China, e da Alexandra no World Ranking Event de Tiro com Arco, na Argentina”, completou.A aproximação entre mentores e treinadoras e a formação de uma rede de suporte entre as treinadoras são fundamentais. A literatura internacional, assim como a pesquisa realizada pelo COB em 2023 com mais de 300 treinadoras, evidenciou que o fortalecimento das relações entre mulheres que enfrentam dificuldades semelhantes contribuiu como um fator de suporte, além de facilitar trocas que podem auxiliar a tomada de decisões em situações desafiadoras. Alexandra Cardoso (primeira à esquerda) no World Ranking Event de Tiro com Arco, na Argentina – Foto: Arquivo PessoalMIRA realiza encontro presencial de treinadoras na UnicampDepois de um adiamento por conta das enchentes no Rio Grande do Sul, onde moram três participantes do Programa, as 10 treinadoras se encontrarão no campus da Unicamp, em Limeira, nos dias 19 e 20 de setembro para a primeira etapa presencial do MIRA. O encontro presencial proporcionará a realização de dinâmicas em grupo promovendo o compartilhamento de experiências entre as treinadoras e o aprofundamento das relações com seus mentores/as individuais. Além disso, será oportunidade de discutir a atuação de treinadoras com alunos e alunas da graduação em Ciências do Esporte, curso da UNICAMP que inclui uma disciplina inédita sobre Treinadores Esportivos. O 1º Encontro presencial será realizado na Faculdade de Ciências Aplicada – FCA da UNICAMP em Limeira/SP onde funciona o LEPE – Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte, referência no país em estudos relacionados, dentre outros assuntos, a mulheres no esporte de alto rendimento. Um desses estudos é realizado a partir de um convênio de pesquisa com o COB para compreensão dos desafios e do sistema de suporte necessário para maior inserção e permanência de mulheres na função de treinadora esportiva. Este doutorado resultará na proposição de estratégias a serem implementadas por confederações e outras instituições esportivas visando o desenvolvimento de treinadoras. “O MIRA tem sido uma ótima oportunidade de colocarmos em prática o que vimos estudando nos últimos ano. A parceria com o Comitê Olímpico do Brasil nos permite acompanhar de perto a carreira desse grupo de treinadoras avaliando o impacto de ações individualizadas voltadas às necessidades de cada uma” ressaltou Larissa Galatti, Prof. Dra. Livre Docente da UNICAMP e Pesquisadora do LEPE.O que é o Programa MIRA?MIRA significa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação, mas também é uma analogia com alvo, com o que o COB quer atingir. Os objetivos do MIRA são: estimular consciência e reflexão; estabelecer metas individuais para aprimoramento de competências especificas; promover aprendizagens contextualizadas na atuação prática com ênfase em seus desafios cotidianos; articular conhecimentos profissional, interpessoal e intrapessoal e fortalecer rede de suporte.As participantes dessa primeira edição do MIRA são: Alexandra Cardoso , do tiro com arco; Bruna Rodrigues, do basquete 5×5; Fabiana Silva, do badminton; Gabrielle Moraes, da ginástica rítmica; Hélia Souza “Fofão”, do vôlei; Luiza Fantoni, da natação e águas abertas; Maria Portela, do judô; Nayara Pontes, do vôlei de praia; Rafaela Turola, do rúgbi; e Sandra Crul, do atletismo.Mulher no EsporteÁrea criada pelo COB em 2021 para fomentar o desenvolvimento de atletas, treinadoras, gestoras, profissionais de equipe multidisciplinar e árbitras do ecossistema esportivo do Brasil. Alinhada à estratégia do Comitê (objetivos 4.5 e 2.7), a área almeja incrementar os resultados esportivos através da equidade de gênero no esporte, sempre na busca por uma cultura de inclusão e reconhecimento da mulher em todos os âmbitos esportivos.