O Brasil deve mirar em se tornar uma nação esportiva antes de buscar ser uma potência olímpica. Esta visão é inspirada nos exemplos dados por países desenvolvidos, que cotidianamente mostram a importância do investimento no esporte, integrando-o a áreas essenciais como educação, saúde e cultura. Essas são políticas de vasta abrangência social que provaram sua eficácia nos mais diversos contextos. Os dados são robustos: cada real investido no esporte traz um retorno várias vezes superior, seja na redução de futuros gastos na saúde pública, segurança e educação. No contexto atual, onde existe uma discussão sobre a revisão da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) como parte de um esforço para conter gastos caso as finanças públicas não estejam devidamente equilibradas, essa potencial revisão parece contraditória, dado o retorno que o esporte oferece até para os cofres públicos.
Como presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta enfrenta o desafio de ampliar a base de praticantes esportivos no país, direcionando esforços não apenas ao alto rendimento, mas também à formação contínua de atletas e cidadãos. O COB reconhece o papel vital da Lei de Incentivo ao Esporte, que desde sua implementação em 2007, provocou uma transformação significativa na paisagem esportiva nacional. A contribuição educacional e social desses projetos é inestimável. Formar cidadãos que internalizam os valores do esporte é incalculavelmente valioso. Portanto, é com pesar e apreensão que se observa o esporte enfrentar obstáculos no Congresso, em votações que poderiam assegurar a estabilidade da LIE diante de possíveis cortes. No entanto, há esperança na atuação de uma bancada determinada que defende vigorosamente o movimento esportivo, reforçando a resiliente tradição esportiva do Brasil que ensina a superar derrotas e buscar incessantemente por vitórias.
Essa onda de apoio ao esporte, que transcendeu os debates legislativos para se estender também às redes sociais, representa um movimento de união raro e poderoso, uma vez que iniciativas tanto na Câmara quanto no Senado visam transformar a LIE em uma política de estado, reconhecendo sua importância estratégica para o desenvolvimento do país. Pesquisas da Unesco enfatizam que programas esportivos nas escolas podem reduzir a evasão escolar em até 20% e gerar uma economia significativa de recursos. Além disso, há uma diminuição tangível nos índices de criminalidade em áreas atendidas por tais programas, com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) registrando uma queda de até 10% nos incidentes de violência juvenil nessas regiões.
O Ministério da Saúde destaca, por meio de orientações sobre atividade física, que políticas públicas voltadas para o esporte têm o potencial de reduzir em até 30% o risco de doenças crônicas, estimulando hábitos de vida mais saudáveis desde a infância. O Banco Mundial apoia essa visão ao estimar que cada real investido em atividades esportivas pode economizar de 2 a 4 vezes esse valor em custos associados a doenças crônicas ao longo do tempo.
Apesar dos dados positivos, o investimento público brasileiro no esporte ainda é insuficiente. Um estudo recente do Instituto de Pesquisas Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná aponta que apenas uma pequena fração do orçamento federal é destinada ao esporte, necessitando urgentemente de mecanismos adicionais como a LIE para promover a prática esportiva em uma escala mais ampla no país. O alto rendimento e a formação de futuros campeões continuam a contar com esse apoio, que é essencial para sustentar e expandir a base de praticantes.
O COB busca ser um agente técnico que dissemina conhecimento e treinamento nacionalmente, contribuindo para a melhoria das infraestruturas esportivas existentes e, quando possível, apoiando a criação de novos espaços. Reconhecendo que o esporte vai além da conquista de medalhas e é um catalisador de transformação social, o COB reafirma seu compromisso com a promoção do esporte como um bem comum. Os ídolos esportivos, como Rebeca Andrade e Isaquias Queiroz, beneficiados pela LIE, são exemplos da exceção que o alto rendimento representa. Contudo, o verdadeiro legado está em formar cidadãos que, apesar de não se tornarem atletas olímpicos, continuam a transformar suas comunidades através dos valores aprendidos no esporte.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Brasil, uma nação esportiva: Marco La Porta, presidente do COB, destaca a importância do esporte aliado à educação, saúde e cultura para o desenvolvimento do país. Enfatiza os benefícios econômicos e sociais gerados pelo investimento esportivo, defendendo a manutenção da Lei de Incentivo ao Esporte. Foto: Rafael Bello/COB.