Transformação e superação são palavras que definem a trajetória de Hanna Miranda, jovem judoca de 15 anos do Rio Grande do Norte, que recentemente viveu uma notável história de reviravolta nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024. Antes de exibir sua destreza no tatame, Hanna enfrentou uma adversidade que quase lhe custou a vida. Em 2020, a promissora atleta foi acometida por uma infecção generalizada que paralisou quase todo seu corpo, exigindo tratamento intensivo na UTI por seis dias e um longo processo de fisioterapia que se estendeu por três meses. Durante este tempo, tarefas simples do dia a dia, como pentear o cabelo e caminhar, tornaram-se novos desafios para Hanna e sua família.
Gilmara Miranda, mãe de Hanna, recorda com emoção os momentos mais difíceis dessa jornada. “Nos primeiros dias no hospital, não sabíamos se minha filha sairia de lá com vida. Ela só conseguia mover os dedos e a cabeça até então. Os medicamentos começaram a fazer efeito apenas dois dias depois, e foi o esporte que a salvou”, relembra a mãe emocionada. O ano de 2020 havia começado prometendo conquistas, quando Hanna se classificou pela primeira vez para o campeonato brasileiro de judô em sua categoria. “Ela chorava ao pensar que nunca mais voltaria ao judô”, relembra Gilmara.
A origem do problema foi uma dermatite atópica, que gerou uma ferida no pé, tornando-se a porta de entrada para uma infecção por estafilococos. Essa bactéria debilitou gravemente a musculatura e diversos órgãos de Hanna. Segundo os médicos, a resistência física da garota, desenvolvida através do judô, ajudou a conter o avanço da infecção, evitando que ela atingisse o miocárdio, uma complicação que poderia ter sido fatal. “Minha resistência física foi crucial. Mas o esporte também fortaleceu minha mente, permitindo-me enfrentar a situação e retornar ao judô, que tanto amo. Aprender a cair, levantar e continuar é um dos princípios que o judô me ensinou”, reflete Hanna com orgulho.
Nos Jogos da Juventude em João Pessoa, no contexto da categoria até 70 kg, Hanna lutou bravamente, embora seu caminho tenha sido interrompido na repescagem. “Estou no judô há quase 14 anos. Não conseguir a medalha foi decepcionante, mas isso só aumenta minha determinação. Quero treinar mais e conquistar o ouro em futuras competições nacionais”, afirma a judoca com firmeza. Seus pais, sempre ao seu lado, acompanharam de perto suas conquistas e desafios. “O que nos importa é o compromisso da Hanna com o esporte, mais do que qualquer vitória. Ela teve que abrir mão de muito para estar aqui, e estamos orgulhosos de sua força e resiliência”, destaca Gilmara. A presença da família nos Jogos não foi apenas física; era um símbolo da vitória já alcançada por Hanna: o retorno ao que mais ama fazer.
Para Hanna Miranda, o tatame representa mais que um espaço de competição. É o palco onde ela provou sua força, ousou sonhar novamente e fez das experiências desafiadoras trampolins para as futuras conquistas. Depois de tudo, para Hanna e seus pais, isso é a verdadeira vitória que o esporte pode proporcionar: a capacidade de se levantar, firmar-se e continuar a lutar.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Hanna Miranda, judoca potiguar, superou uma grave infecção generalizada em 2020 e voltou aos tatames, competindo nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024. Apesar de eliminada na repescagem, a atleta de 15 anos demonstra determinação para continuar sua jornada no judô. Foto: Alexandre Loureiro/COB.