Jucielen Romeu, pesa até 57kg, e sua trajetória até as quartas de final em Paris 2024 não foi nada fácil. A atleta de Rio Claro (SP) utilizou com maestria as lições apreendidas ao longo do ciclo olímpico desde sua participação em Tóquio 2020. Diferentemente do que ocorreu na capital japonesa, Jucielen, dessa vez, soube seguir à risca as instruções do corner, especialmente as do treinador-chefe Mateus Alves, fator crucial para abrir uma vantagem significativa no round final frente à sua oponente.
A luta contra a norte-americana foi equilibrada do início ao fim. No primeiro round, três juízes deram a vitória a Jucielen, enquanto dois viram vantagem para Alyssa. No segundo round, a norte-americana levou a melhor na visão de quatro dos cinco juízes, deixando a pontuação geral empatada. Consciente da necessidade de atacar mais, conforme orientado por seu treinador, Jucielen encontrou forças para se lançar ao ataque no terceiro round, vencendo por unanimidade, recebendo 5 a 0 na parcial e, finalmente, terminando a luta com um placar de 4 a 1.
Algo que se destacou durante o combate foi a intervenção enérgica de Mateus Alves. No intervalo crítico, ele jogou água em Jucielen, um gesto que ela confessou odiar, mas que acabou provocando uma reação emocional intensa. “Mateus falou: empatou a luta, você apagou no round, se continuar assim você vai perder a luta. Tem que ir para frente, tem que soltar golpe, com raiva. Bem enérgico ali, bravo. E jogou água em mim, que é uma coisa que eu odeio! Acho que isso ajudou a me dar um pouco de raiva e foi isso que eu fiz, fui buscar com toda minha raiva para não sair com a derrota”, revelou a pugilista.
Essa luta destacou a importância da experiência e da capacidade de ouvir e executar as instruções dos técnicos. “O que fez a diferença foi a experiência, ouvir meus técnicos e fazer aquilo que eles pediram. E ter condições de fazer isso. Ter treinado. Foi preciso parar e mostrar que eu queria, soltar golpes duros. Isso fez a diferença. Eu treinei também várias ocasiões de luta. Acho que esse é o diferencial. Se preparar para tudo”, explicou Jucielen.
Depois de triunfar nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023 e nos Jogos Sul-americanos Assunção 2022, Jucielen carregava consigo o peso de não repetir a amarga experiência de ser eliminada na primeira luta olímpica. “A sensação é muito boa. De alívio. Eu falei para mim mesma que não ia sofrer a dor de uma derrota na primeira luta de novo. É muito sofrido. Foi nisso que me agarrei. Não queria sair de cabeça baixa e triste. Botei no coração, na ponta da luva e fui buscar”, desabafou.
Nas quartas-de-final, Jucielen terá mais um desafio pela frente, enfrentando Esra Kahraman, da Turquia, no próximo domingo, 04, às 6h16 da manhã.
No entanto, nem todos os brasileiros tiveram a mesma sorte. Wanderley “Holyfield” Pereira, lutando na categoria até 80kg, não conseguiu avançar, sendo derrotado pelo ucraniano Oleksandr Khyzhniak, vice-campeão olímpico da categoria até 75kg em Tóquio. A estratégia do baiano de Conceição do Almeida não foi suficiente, e Khyzhniak levou a melhor por decisão unânime dos juízes, interrompendo a jornada olímpica de Wanderley nas quartas-de-final.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: [rule_2_plain]