Na última segunda-feira, dia 9, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) organizou o segundo encontro online da Comissão Mulher no Esporte, que contou com a presença significativa de 54 representantes das Confederações Brasileiras de Esportes Olímpicos e outras entidades. Este evento se destacou por reunir, em sua maioria, pontos focais e representantes de comissões femininas das diversas modalidades esportivas. A ocasião foi marcada pela palestra “Desafios e barreiras para promover a equidade de gênero no esporte”, ministrada pela Dra. Julia Barreira, professora na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Durante a apresentação, foram discutidos números relevantes que evidenciam a desigualdade no cenário esportivo. Em especial, um dado sobre os Jogos Olímpicos de Paris 2024 chamou a atenção: espera-se uma participação feminina de 50% entre as atletas, mas apenas 11% entre treinadoras e 7% entre gestoras. Essa disparidade aponta para uma questão crítica: quanto mais elevada a posição dentro do meio esportivo, menor é a presença feminina. A Dra. Barreira questionou se a baixa representação de mulheres treinadoras se deve ao desinteresse ou a desistências provocadas pelas diversas barreiras e violências enfrentadas ao longo das suas carreiras.
Embora o encontro tenha tido boa adesão, com 50 mulheres presentes, apenas quatro homens participaram, evidenciando a necessidade de maior envolvimento masculino na busca por igualdade nas diversas áreas do esporte olímpico. A palestra também trouxe uma reflexão sobre como convencer os homens a se tornarem aliados na luta pela equidade de gênero. De acordo com a Dra. Barreira, basear-se em dados e pesquisas pode ser um caminho eficaz para combater o preconceito de que as mulheres não ocupam certos espaços por falta de vontade. A coleta e análise de informações torna-se, dessa forma, um recurso valioso para promover mudanças na percepção e abordagem do tema.
Além da Comissão Mulher no Esporte, o COB mantém diversas iniciativas que visam a igualdade de gênero no esporte olímpico. Entre as principais ações estão o Programa Mentoria Individualizada para Reflexão e Ação (MIRA), voltado para treinadoras e em sua primeira edição, e o Programa de Desenvolvimento do Esporte Feminino (PDEF), que pelo segundo ano consecutivo destina recursos para projetos esportivos exclusivos de modalidades femininas por meio de edital. Também foram lançadas as Diretrizes de Representação do Comitê Olímpico Internacional (COI) traduzidas para o português, a criação da Política de Equidade de Gênero do COB, e o curso online “Equilibrando o Jogo: Igualdade de Gênero no Esporte”, que é fruto da colaboração com o Instituto Olímpico Brasileiro.
Recentemente, foi lançado o Curso de Ginecologia do Esporte pelo COB e pela área Mulher no Esporte, em parceria com o Instituto Olímpico Brasileiro (IOB). Este curso tem o intuito de promover a educação sobre o corpo feminino e suas especificidades, auxiliando atletas a lidarem com questões de saúde e performance. O curso está aberto a todos os envolvidos no meio esportivo, incluindo membros de equipes multidisciplinares, atletas, treinadores, treinadoras, gestores e gestoras esportivas.
Com essas iniciativas, o COB reafirma seu compromisso em promover a igualdade de gênero, garantindo maior inclusão e permanência das mulheres no esporte, além de expandir as ações de equidade no cenário olímpico.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Legenda para fotos: O Comitê Olímpico do Brasil realizou o II Encontro Aberto da Comissão Mulher no Esporte, com a participação de 54 representantes das Confederações, focando na equidade de gênero. O evento contou com palestra da Dra. Julia Barreira, da UNICAMP. 📷: Divulgação/COB. #MulherNoEsporte