Neste domingo, dia 4, o Brasil foi representado por Ana Sátila e Pedro “Pepê” Gonçalves nas eliminatórias do caiaque cross, modalidade da canoagem slalom, ocorrida no Estádio Náutico Água Branca, em Vaires-sur-Marne, França. A brasileira destacou-se ao completar uma descida limpa e garantiu a segunda colocação na sétima bateria do dia, beneficiada por erros de duas adversárias que se atrapalharam durante a prova. Ana terminou atrás apenas da francesa Angele Hug. Nas eliminatórias, apenas as duas primeiras de cada uma das oito baterias avançavam para a próxima fase. Com isso, Ana disputará as quartas de final nesta segunda-feira, dia 5.

Ana Sátila, com um sorriso no rosto, analisou sua performance ao final da prova e destacou a ansiedade até cruzar a linha de chegada. “No final foi tranquilo, mas até cruzar a linha de chegada é tenso. O cross é uma prova que tudo pode acontecer até o final. Eu tentei ficar muito focada, muito concentrada na minha remada. Eu coloquei na minha cabeça que não seria fácil, já que a largada aqui é bastante difícil se você não tem uma posição boa. Eu consegui isso no time trial, mas como fui para a repescagem e voltei em 23º, sabia que ia ser difícil. Tentei baixar a cabeça e remar muito. E deu certo, acho que foi bacana hoje.”

Nas quartas de final, Ana estará na quarta bateria, competindo com Mallory Franklin (Reino Unido), Angele Hug (França) e Viktoriia Us (Ucrânia). Os critérios de classificação permanecem os mesmos das eliminatórias, com as duas melhores de cada bateria avançando para a fase seguinte, que inclui semifinais e final, todas a serem disputadas no mesmo dia.“Não tive nenhuma lesão e isso já me deixa muito feliz para amanhã. (Para as quartas de final) é a mesma estratégia: remar com amor, com força e entregar tudo que tenho nesse último dia de competição”, completou a canoísta, que já havia alcançado importantes resultados em Paris 2024, com a quarta colocação no K1 e o quinto lugar no C1, ampliando seu leque de feitos para a canoagem slalom brasileira nos Jogos Olímpicos.

Enquanto isso, Pepê Gonçalves enfrentou uma série de contratempos durante sua participação na terceira bateria das eliminatórias do caiaque cross. Inicialmente, o atleta de Piraju (SP) terminou a prova na segunda colocação, mas acabou penalizado por ter perdido a porta 2, caindo para a quarta posição e ficando fora das quartas de final. Pepê foi prejudicado por dois adversários: o japonês Yuuki Tanaka, que acertou seu rosto com a embarcação, e o esloveno Benjamin Savsek, que empurrou seu caiaque para fora da linha de marcação. “No começo da prova, nas quatro primeiras remadas, tomei uma pancada muito forte na boca e no nariz do japonês. Perdi totalmente os sentidos, tentei lembrar a linha das balizas na minha cabeça, mas na hora que eu fiz o rolamento, perdi a noção de onde eu estava. Muita dor. Na remontada, o esloveno viu que eu não estava na linha correta, chegou agressivo e me virou. Tinha a esperança de ter passado a cabeça na baliza, mas nem me lembro direito onde eu estava nesse momento. Continuei a prova com muita dor e tentei terminar da melhor forma, terminei em segundo, mas não deu para avançar porque me deram uma falta”, analisou Pepê.

Apesar da decepção, Pepê enfatizou sua dedicação ao esporte e agradeceu o apoio recebido. “Era a prova da minha vida, estava me sentindo muito bem. A galera fala que o problema é que no Brasil o esporte não é como um trabalho. E eu falo que é muito mais que um trabalho. Não são só 12h, são 24h, dormindo, acordando, comendo, tomando as decisões todas pensando no resultado. Eu fiz isso. Não quero pedir desculpas, quero agradecer a todo mundo que torceu, cada um que doou um pouco do seu trabalho para nós, o Comitê Olímpico, a equipe técnica, física, mental. Deixei tudo na água, até o sangue, mas, infelizmente, não foi dessa vez.”

Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
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