Danielle Cândido
Em um momento histórico, a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) realizou sua primeira banca de heteroidentificação na graduação, no dia 23 de abril. A iniciativa faz parte do projeto de extensão “Saúde da População Negra”, que reserva vagas para pessoas negras na instituição.
Sob a coordenação da professora Bárbara Lima, líder do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi/Uncisal), essa ação afirma o compromisso da universidade com a implementação de políticas afirmativas. "Este é um dia marcante para a Uncisal. A realização dessa banca em um projeto de extensão com vagas reservadas é um grande avanço. Esperamos que essa iniciativa se consolidate em toda a instituição," declarou a professora.
A banca avaliou quatro candidatos para as vagas reservadas, com uma comissão composta pelos membros designados pela Portaria nº 1856/2025, publicada no Diário Oficial do Estado em 15 de abril de 2025. A presidência foi exercida pela professora Bárbara Lima, junto com a professora Salete Bernardo e a técnica Janilce Marinho do Bonfim.
"A comissão de heteroidentificação já inicia suas atividades com a expectativa de que as cotas raciais se tornem uma realidade em nossos cursos de graduação", destacou Bárbara. A formalização da comissão prepara a Uncisal para a inclusão oficial de cotas raciais em seus processos seletivos para estudantes, docentes e técnicos.
O projeto “Saúde da População Negra” é realizado em colaboração com o Instituto Akoben, fundado por Halbate Crima, de Guiné-Bissau, que atua como vice-coordenador. O foco é desenvolver ações de promoção da saúde, educação permanente e atenção primária voltadas para a população negra, com uma abordagem antirracista e interprofissional direcionada a estudantes de Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
A iniciativa busca confrontar o racismo estrutural e institucional que afeta o acesso e a qualidade do atendimento em saúde. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE, 2015) revelam que 23,3% das pessoas negras e pardas já relataram discriminação em serviços de saúde. "Para mudar essa realidade, é essencial começar pela formação dos profissionais. A universidade desempenha um papel crucial nesse processo," concluiu Bárbara Lima.
Com informações e fotos da Uncisal